Divulgada em 2016, a pesquisa da S&P Global Financial Literacy Survey apurou que dois em cada três adultos no mundo são analfabetos financeiros. O levantamento, que entrevistou 150 mil adultos em mais de 140 países, investigou o conhecimento da população mundial sobre quatro conceitos financeiros básicos: diversificação de risco, inflação, habilidade numérica e juros compostos.
Segundo a pesquisa, mulheres, pessoas de baixa renda e com baixo nível educacional têm maior probabilidade de terem conhecimento deficiente de educação financeira. O resultado só melhora quando comparado àquelas que têm acesso a serviços financeiros, como conta bancária e cartão de crédito.
Para o CEO da plataforma on-line de mentoria financeira Utua, Bernardo Moss, os resultados são alarmantes, pois refletem um problema profundo na educação financeira global. “A alfabetização financeira é crucial para que as pessoas possam tomar decisões informadas sobre suas finanças pessoais, investimentos e planejamento de futuro. Sem esse conhecimento, muitos indivíduos ficam vulneráveis a dívidas desnecessárias, fraudes e investimentos arricados”, afirma.
No Brasil, o déficit de educação financeira fica ainda mais evidente quando, a partir da pesquisa, fica demonstrado que apenas 35% das pessoas entrevistadas acertaram as respostas das questões relacionadas a pelo menos três dos quatro conceitos analisados – o resultado coloca o país na 67ª posição entre os 143 países analisados.
“Esse é um sinal claro de que precisamos intensificar nossos esforços na educação financeira. Embora estejamos melhor que outros países, ainda há muito trabalho a ser feito. No Brasil, a educação financeira não é amplamente abordada nas escolas e muitos brasileiros crescem sem uma compreensão básica de conceitos financeiros”, avalia Moss.
Ainda de acordo com a pesquisa, o nível de educação financeira dos brasileiros que têm acesso a serviços bancários é inferior ao da média mundial. Enquanto, no mundo, 53% das pessoas que usam cartão de crédito ou tomam empréstimos de instituições financeiras são alfabetizadas financeiramente, no Brasil, esse percentual corresponde a somente 40% das pessoas.
“O resultado deste estudo é um chamado à ação para governos, instituições educacionais e empresas financeiras, para que possam fornecer recursos e ferramentas que ajudem as pessoas a entender e gerenciar suas finanças de maneira mais eficaz, em todas as faixas etárias e classes sociais”, ressalta o CEO.
Moss afirma ainda que, em um mundo cada vez mais digital, as ferramentas e recursos on-line desempenham um papel crucial na democratização do acesso à educação financeira, “proporcionando uma série de benefícios que são essenciais para melhorar a literacia financeira da população”.
“Essas plataformas, como, por exemplo, aplicativos e planilhas financeiras, cursos e carteiras digitais, permitem que os usuários aprendam no seu próprio ritmo, tornando a educação financeira mais adaptável às necessidades individuais, além de oferecer conteúdo personalizado com base no perfil financeiro do usuário. Ao aumentar o nível de alfabetização financeira, essas ferramentas capacitam as pessoas a tomar decisões mais informadas sobre poupança, investimento, crédito e gestão de dívidas, levando a uma melhor saúde financeira a longo prazo”, conclui.
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