Atravessando um processo ainda lento de crescimento, a cremação é vista com curiosidade no Brasil. Enquanto no mundo ela é bastante comum, no país, a cremação ainda causa receio. O Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) estima que entre 8% a 9% dos mortos no país são cremados, de acordo com informação compartilhada pelo portal Terra.
Seja por motivos religiosos ou desconhecimento, o fato é que ela ainda é um tabu em muitas famílias quando o assunto é lidar com a morte de um ente querido. E muito desse preconceito vem justamente da falta de informações sobre como a cremação é feita.
Para Vinícius Chaves de Mello, CEO do Grupo Riopae – empresa do ramo funerário –, há uma série de mitos e equívocos que envolvem a cremação no Brasil. E cita como exemplo o fato de muitas pessoas acharem que o corpo é incinerado utilizando madeira ou outros materiais como combustível. “Na realidade, o corpo é cremado em um forno, especialmente projetado, alcançando temperaturas extremamente altas, onde os resíduos de cremação são exclusivamente provenientes do corpo cremado, garantindo um processo respeitoso e preciso.”
Diante disso, o CEO afirma que a cremação é muito mais do que incinerar um corpo. “Na cremação de corpos, a pirólise é o principal mecanismo pelo qual o corpo é transformado em cinzas e gases”. Mello explica que a palavra “pirólise” em si vem da junção dos termos gregos “pyro”, que significa “fogo”, e “lýsis”, que significa “dissolução”. Ou seja, a cremação ocorre por meio da dissolução do corpo por meio do fogo.
Como funciona a pirólise e o processo de cremação
Durante a cremação, o processo de pirólise segue uma série de etapas nos crematórios brasileiros. Para começar, há o aquecimento do corpo, realizado em uma câmara crematória meticulosamente limpa a fim de evitar qualquer tipo de contaminação das cinzas. As temperaturas no local variam entre 900°C e 1200°C e é constantemente monitorada pelos operadores da câmara.
Nas primeiras etapas da cremação, essa alta temperatura é responsável pela evaporação dos líquidos corporais, levando à desidratação dos tecidos. Na sequência, a temperatura é ainda mais elevada e o processo de decomposição pela pirólise é iniciado. Primeiramente, os componentes orgânicos do corpo são quebrados em compostos gasosos e resíduos sólidos carbonizados.
Em seguida, os compostos gasosos vão para a câmara de combustão, onde são queimados e ajudam a manter a temperatura do forno crematório elevada. Enquanto isso, os resíduos sólidos seguem sua decomposição pela pirólise a fim de garantir que não haja nenhum resíduo não consumido após o fim do processo.
Por fim, restam na câmara apenas resíduos formados basicamente de ossos calcinados e outros minerais – popularmente chamados de cinzas. Elas são retiradas da câmara de combustão, processadas e entregues à família.
“Em resumo, durante a cremação de corpos, a pirólise é o processo fundamental, pelo qual os tecidos orgânicos são decompostos em cinzas e gases, através da exposição a altas temperaturas na ausência de oxigênio. Este processo é essencial para a cremação completa e eficaz do corpo, seguindo os padrões e regulamentos das agências reguladoras”, elucida Mello.
O funcionamento do forno crematório
Outra dúvida que permeia a mente de muita gente em relação à cremação é o funcionamento do forno crematório em si. Trata-se de um equipamento especialmente projetado para realizar a pirólise de corpos humanos e de animais de forma segura e eficiente.
Para começar, o processo de cremação como é conhecido hoje foi criado em 1873 por um professor italiano chamado Brunetti. Hoje, com os avanços da tecnologia, os operadores deste equipamento podem facilmente controlar todo o ambiente do forno crematório, desde sua temperatura até o tempo de combustão e o fluxo de ar na câmara. Este processo é realizado de forma respeitosa e segura, seguindo regulamentos e diretrizes, específicas, da indústria funerária e ambiental”, ressalta o CEO.
O forno é formado por diferentes componentes nos quais ocorrem os processos anteriormente descritos. A câmara de combustão é a parte principal do forno por ser onde o corpo é colocado. É revestida em materiais refratários resistentes às altas temperaturas. Ligados à câmara estão os queimadores de combustível.
Geralmente, o combustível utilizado é o GLP (gás liquefeito de petróleo). O forno conta, ainda, com um termômetro ligado a um sistema de controle de temperatura. “Isso é fundamental, para garantir que a temperatura seja mantida em níveis adequados, para uma cremação completa e eficiente”, destaca Mello.
Uma vez que o oxigênio é fundamental em qualquer processo que envolva combustão, os fornos crematórios possuem um sistema de ventilação complexo, que controla o fluxo de ar para dentro da câmara. Visando proteger o meio-ambiente, os fornos também contam com um sistema pós-combustão, que queima os resíduos gasosos remanescentes, a fim de reduzir as emissões poluentes.
Por fim, há um sistema de remoção das cinzas, que extrai os restos cremados – as cinzas – de forma segura e completa. Na sequência, o forno é completamente higienizado antes que uma nova cremação seja iniciada.
Os mitos sobre a cremação
Da ideia de que não se pode fazer um funeral à crença de que o corpo é incinerado em uma pira como se vê nos filmes, vários são os mitos e preconceitos envolvendo a cremação. Há quem acredite, por exemplo, que as cinzas de diferentes corpos se misturam dentro dos fornos. E como visto, isso não acontece.
“Os profissionais dos crematórios, são altamente treinados, e a câmara de cremação é, meticulosamente, limpa, após cada cremação. As cinzas devolvidas aos enlutados são, exclusivamente, do falecido, garantindo autenticidade”, aponta Mello.
Para mais informações, basta acessar: https://www.crematoriosaojoao.com.br/home
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