A prática de compliance está em alta no mundo corporativo. Um estudo desenvolvido pela Deloitte, companhia do setor de auditoria e consultoria empresarial e de gestão de riscos, mostra que essa é uma prática que está no radar da maioria das organizações. A pesquisa, intitulada Integridade Corporativa no Brasil: evolução do compliance e das boas práticas empresariais nos últimos anos, realizada em 2022, apontou que 73% das empresas entrevistadas no país tinham projetos consistentes de investimentos em treinamentos de conformidade com as leis até o fim de 2024.
Além de incorporar recursos e know-how que dêem transparência e controle rigoroso sobre qualquer risco de irregularidade, as empresas também devem considerar a mediação como meio de combater, de forma célere e eficaz, os conflitos que o compliance evita. “As práticas de conformidade dizem como fazer de forma correta e o que não se deve fazer. Mas quando algo sair do lugar devemos recorrer a práticas dialógicas para resolver” , explica Camila Linhares, da Unniversa Soluções de Conflitos, empresa especializada em mediações e diálogos.
“A empresa que adota o Compliance também deve se municiar de ferramentas que tornem a eliminação dos problemas mais rápida. É como um seguro de carro ou residencial: você faz torcendo para nunca precisar. Mas sabe que ele precisa ser bom e o mais completo possível, porque, quando for necessário recorrer, ele tomará decisões rápidas e certeiras”, compara a CEO da Unniversa.
Na prática, a mediação age contornando os conflitos que possam surgir num ambiente corporativo já controlado por todas as leis e normativas que interferem no seu campo de atuação. “Chega a soar como ironia uma empresa que se prepara meticulosamente para não ter mais problemas com o poder público, com o Poder Judiciário, com clientes ou fornecedores, deparar com uma situação de conflito em que ela fica à mercê de uma decisão judicial muitas vezes por alguns anos. Ela não quer protelar as divergências, mas dar fim a elas de forma rápida”, explica Alynne Liboreiro, advogada especialista em Compliance.
Para isso, ele orienta que as empresas trabalhem com esses dois setores de forma integrada. “Numa organização onde o compliance esteja incorporado, ele e a mediação se completam mutuamente. É necessário que ambos estabeleçam um canal estreito de comunicação, tornando um incorporado ao outro. É difícil de imaginar que um possa funcionar plenamente sem o outro dentro desse ambiente corporativo”, finaliza Alynne.
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