Indústria cultural influencia imaginário popular sobre robôs

Muito popularizados por meio de filmes, séries e livros ao longo do tempo, os robôs estão cada vez mais presentes no cotidiano das cidades. Aliados das indústrias e fábricas, além de presentes em ambientes comerciais, escolares e domiciliares, especialmente em países como Japão e Coreia do Sul, os robôs e a inteligência artificial preenchem o imaginário popular desde as antigas civilizações, ganhando status de amigos ou ameaças a depender de cada cultura.

Dispositivos mecânicos – ou autômatos, como eram conhecidos – já eram criados nas antigas civilizações, ainda que com características muito diferentes do que existe atualmente, utilizados como ícones religiosos ou como entretenimento. Enquanto relatos chineses do séc. III a.C. apontam autômatos capazes de mover braços e pernas; registros de Bagdá do séc. VIII d.C. falam de estátuas movidas a vento que ornavam os portões da cidade. Mais recentemente, no séc. XVII d.C., surgiram os “Karakuri”, no Japão, autômatos capazes de atirar flechas, escrever ou servir chá, criados para o teatro e o entretenimento com base nos avanços da relojoaria. 

Ainda que o termo “robô” tenha sido cunhado apenas em 1920, quando o escritor e dramaturgo tcheco Karel Capek adaptou a palavra eslava “robota para descrever trabalho árduo na peça de teatro “R.U.R – A Fábrica de Robôs” (1920), a ideia de seres artificiais que convivem com os humanos sempre fez parte do imaginário de diversas culturas ao redor do mundo. Ao longo do tempo, as criações foram se moldando às diferentes sociedades e épocas por meio de lendas e contos, até chegar aos modelos atuais, popularizados por meio de filmes, livros e quadrinhos.

No caso das culturas ocidentais e orientais, o imaginário sobre robôs se deu de formas distintas. Para a primeira, as máquinas passaram a ser descritas como inimigas dos humanos, responsáveis pelo extermínio da população e por um futuro inóspito. Impulsionados por histórias como “Blade Runner” (1982), “O Exterminador do Futuro” (1984) e “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968), que descrevem cenários distópicos controlados pelos robôs, países como Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e Brasil, seguiram um retrato de alerta e desconfiança a respeito das máquinas, permeados pelo debate sobre os perigos da inteligência artificial e da possibilidade do desenvolvimento de uma consciência quase humana.

Ainda assim, o conhecimento utilizado nos antigos autômatos ainda é aproveitado por artistas e criadores de todo o mundo, em contextos de entretenimento ou de arte. No Brasil, por exemplo, o desenho animado “Os Jetsons” (1962), sucesso dos anos 1970 e 1980, destacava uma família futurista que convivia com a robô Rosinha; além do sucesso mundial “Star Wars” (1977), com os cativantes robôs R2D2 e C3PO, e o mais recente BB8, entre os personagens. Outro exemplo é a casa na cidade de Serra Negra (SP), conhecida como “Disneylândia dos Robôs”, que abriga mais de 40 robôs que se movem e emitem luzes e sons criados com materiais recicláveis e sucatas, representando diferentes países do mundo em uma espécie de mini-cidade.

Já na cultura oriental, os robôs tendem a seguir as descrições iniciais de Capek: seres mecânicos criados para ajudar e fazer companhia aos humanos, que carregam mensagens positivas sobre as tecnologias e a convivência a longo prazo. Essas características foram ainda mais difundidas pela criação do personagem “Astro Boy” (1952), androide que usa seus poderes sobre-humanos para o bem, do mangaká Osamu Tesuka. Sua popularidade ajudou a impulsionar o mercado japonês de tecnologia e robótica, que até hoje busca replicar na vida real as características dos quadrinhos.

Sob essa influência, o Japão passou a automatizar processos complexos e implementar o uso dos robôs no cotidiano, buscando soluções para problemas crescentes, como o envelhecimento da população e a consequente falta de mão de obra, e a necessidade de cuidados com a saúde mental e física. Assim, humanoides como o robô “Pepper”, que consegue perceber e produzir emoções do interlocutor por meio de expressões faciais e tom de voz, ou o bebê-foca de pelúcia “Paro”, que responde ao toque e voz, levando conforto a pacientes em hospitais e casas de repouso, já são uma realidade no país.

Conhecidos como “robôs amigáveis”, esses e outros modelos pensados para fazerem companhia, monitoramento ou auxílio, estão presentes na exposição “Convivendo com Robôs” na Japan House São Paulo, que se propõe a desmistificar a ideia da “revolta das máquinas” que ronda o imaginário popular ocidental e explorara a linha do tempo da robótica em ambos os hemisférios.

Além dos robôs de conforto, outras áreas da medicina também se beneficiam dessas tecnologias, como cirurgias, consultas a distância e coleta de sangue, promovendo maior segurança e precisão durante os procedimentos. Os robôs-cirurgiões, criados na década de 1970, são os mais antigos da medicina. Aprimorado ao longo dos anos, o “Da Vinci”, como é chamado, é amplamente utilizado para realizar operações de qualquer lugar do mundo, por meio de “joysticks”, controlados por cirurgiões, que movem os múltiplos braços mecânicos do robô. Já na área da fisioterapia existe o “Hybrid Assistive Limb” (HAL), exoesqueleto robótico criado na década de 1990, que auxilia na recuperação dos movimentos e da força motora através da leitura dos sinais cerebrais, e ajuda no tratamento médico em diversos países, que também pode ser visto na exposição na Japan House São Paulo.

Com a globalização, os conceitos existentes sobre os robôs nos dois lados do planeta passam a se fundir e a despertar debates mais profundos sobre os benefícios e malefícios dessa interação, ao mesmo tempo em que a robótica avança em conjunto com diferentes formas de inteligência artificial.

Serviço:

Disneylândia dos Robôs
Endereço: R. Cel. Estevan Franco de Godoy, 314 – Serra Negra/SP
Funcionamento: sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h
Ingressos na bilheteria. Mais informações no site

Exposição “Convivendo com robôs
Período: até 19 de maio de 2024
Local: Japan House São Paulo, térreo – Av. Paulista, 52, São Paulo/SP 
Funcionamento: terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h
Entrada gratuita. Reservas online antecipadas (opcionais): https://agendamento.japanhousesp.com.br/ 

DINO

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