Segundo as projeções divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2030 o número de idosos deve superar o de jovens de até 14 anos. E, em 2050, o Brasil deve ser o sexto país com a maior população idosa do mundo.
Apesar do aumento da longevidade, ainda são poucas as oportunidades para o público 50+ no mercado de trabalho. De acordo com um recente levantamento do Conselho Regional de Administração de São Paulo – CRA-SP, que ouviu 647 profissionais registrados, entre administradores, tecnólogos em gestão e técnicos em Administração, apenas 26,6% dos participantes disseram que há algum tipo de política que combata o etarismo nas organizações onde trabalham.
Também conhecido como ageismo, a prática do etarismo consiste no preconceito e discriminação com base na idade da pessoa. Esse fenômeno social segue enraizado na sociedade e, consequentemente, reflete dentro das organizações que não estão preparadas para contratar ou reter trabalhadores de diversas faixas etárias, especialmente os mais velhos.
Isso porque, apesar de o etarismo afetar de maneira mais intensa os profissionais 50+, também há casos de relatos de preconceito e intolerância contra os mais jovens, uma vez que o mercado de trabalho concentra, hoje, colaboradores de diferentes gerações em um mesmo ambiente.
Resultados do levantamento
De acordo com o levantamento promovido pelo CRA-SP, 47,4% dos respondentes afirmaram que já presenciaram algum caso de discriminação a algum colega de trabalho exclusivamente por conta da idade. Deste total, 84,7% disseram que essa atitude aconteceu pelo fato de a pessoa ter mais de 50 anos.
Bem além de presenciar casos de discriminação etária contra algum colega, o levantamento revelou, também, que 46,2% dos profissionais já sofreram etarismo no trabalho. Deste total, 25,4% afirmaram que isso ocorreu quando tinham entre 31 e 49 anos e 68,2% tinham acima de 50 anos.
As mulheres, segundo o estudo, foram as que mais presenciaram e/ou vivenciaram esse preconceito no ambiente corporativo. Nesta segmentação por gênero, 54,2% delas afirmaram que já passaram por ambas as situações, enquanto as respostas dos homens, nesse mesmo cenário, variam um pouco: 45% disseram ter visto a situação acontecer com um colega e 43% alegaram ter sido alvo desse preconceito no mercado de trabalho.
Para compreender os impactos que o etarismo trouxe na vida pessoal e profissional dos respondentes que afirmaram ter sofrido essa discriminação, o estudo do CRA-SP listou dez possíveis consequências da prática. Os respondentes podiam escolher até cinco opções e o resultado final mostrou que 49,5% se sentiram inferiorizados; 37,5% não conseguiram ou demoraram para se recolocar no mercado de trabalho; 31,8% se sentiram desmotivados; 33,1% notaram-se excluídos das atividades; e 29,8% tiveram problemas financeiros em decorrência dessas atitudes.
De maneira geral, 32% dos profissionais ouvidos pelo levantamento do CRA-SP disseram que o número de casos de etarismo dentro das organizações continua igual aos anos anteriores, 31,4% acham que ele está aumentando, 19,9% acreditam que ele está diminuindo e 16,7% não têm uma opinião a respeito. As mulheres são as que mais acham que a prática está igual. Dentre os homens, a maioria acredita que está crescendo.
O levantamento do CRA-SP sobre etarismo faz parte de um projeto institucional do Conselho que visa entender melhor a percepção dos profissionais de Administração sobre temas em evidência no mercado de trabalho. O resultado deste e de outros estudos estão disponíveis na íntegra no site do Conselho.
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