De acordo com o “Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil – EUA Junho 2024”, o Brasil foi o 23º maior investidor estrangeiro nos EUA em 2022 , com um investimento direto de US$ 30,6 bilhões . Esse capital é direcionado a setores estratégicos como tecnologia, produtos químicos, alimentos e fabricação. Entre 2013 e 2023, os setores que mais receberam investimentos brasileiros foram alimentos (25,9% do capital investido), produtos químicos e plásticos (19%), e metais e produtos metálicos (11,7%).
Bruno Buriozzi, especialista em gestão de patrimônio, assessoria em planejamento financeiro e tributário, possui uma ampla experiência no mercado financeiro. Sua atuação tem como objetivo auxiliar os brasileiros que buscam oportunidades nos EUA, tanto em investimentos tradicionais, quanto para quem deseja empreender. Segundo ele, “os investidores brasileiros enxergam o mercado americano como uma oportunidade de diversificação e proteção de ativos, aproveitando a estabilidade econômica dos EUA.”
“O efeito multiplicador é fundamental para entender como o investimento brasileiro impacta os EUA”, explica Buriozzi. “Um investimento de US$ 1 milhão de um investidor brasileiro em uma planta de produção de alimentos, por exemplo, não beneficia apenas essa planta. Ele se expande pela economia local, por meio da criação de empregos e do aumento do consumo, podendo gerar um impacto total de US$ 1,5 milhão.”
Esse efeito é especialmente evidente nos setores de alimentos, onde as empresas brasileiras produzem 35% da proteína animal e 75% do suco de laranja diretamente nos EUA. A injeção de capital brasileiro nesses setores gera uma cascata de benefícios econômicos, desde a produção agrícola até a distribuição dos produtos no mercado americano.
O impacto da injeção de capital brasileiro no PIB americano
Para compreender o impacto da injeção de capital brasileiro no PIB americano, é essencial analisar o efeito multiplicador em números. Levando em consideração um cenário onde um investidor brasileiro injete US$ 10 milhões na abertura de uma nova fábrica nos EUA. Com um efeito multiplicador de 1,5, o impacto total desse investimento na economia seria:
Esse investimento gera uma expansão no PIB americano superior ao valor inicialmente investido. A fábrica cria investimentos diretos e indiretos, aumentando o consumo local e estimulando diversos setores da economia. O investimento inicial, portanto, não apenas fortalece a produção, mas também contribui para o crescimento do PIB ao longo de várias etapas da cadeia produtiva.
Os estados da Flórida, Texas e Califórnia são os principais receptores de investimentos brasileiros. Na Flórida, os brasileiros são grandes compradores de imóveis, contribuindo para a entrega de bilhões de dólares no mercado imobiliário local. De acordo com a Associação Nacional de Corretores de Imóveis (NAR) , esta atividade não apenas fortalece o setor de construção, mas também gera um efeito em cascata em áreas complementares, como design de interiores e manutenção.
No Texas, os investimentos brasileiros em energia renovável desempenham um papel crucial. Segundo a Enel Green Power, os investimentos na região cresceram significativamente, ajudando o Texas a liderar a transição energética nos EUA. O capital brasileiro contribui para a geração de empregos, o desenvolvimento de infraestrutura e a expansão da capacidade de energia limpa.
O relatório da Apex-Brasil destaca os Estados Unidos como um dos principais destinos para investimentos brasileiros, impulsionando setores como tecnologia e alimentos. “As empresas brasileiras desempenham um papel fundamental no fortalecimento das cadeias produtivas americanas, desde a segurança alimentar até a inovação tecnológica”, observa Buriozzi.
Na Flórida, há uma demanda contínua por imóveis por parte de investidores brasileiros impulsionando uma série de setores. Segundo a NAR, essa atividade não apenas movimenta o mercado imobiliário, mas também cria oportunidades econômicas e gera empregos. No Texas, o foco em energia renovável expandiu a capacidade de geração de energia limpa, fortalecendo a economia local e promovendo o crescimento sustentável.
O capital brasileiro cria uma cadeia de oportunidades, fortalecendo o PIB e gerando empregos, contribuindo para o crescimento econômico dos Estados Unidos.
Como conclui Buriozzi: “Os investimentos brasileiros não geram apenas retorno financeiro, mas criam uma cadeia de benefícios econômicos que se estende por toda a economia americana. O efeito multiplicador nos ajuda a compreender o verdadeiro impacto desse capital no desenvolvimento dos EUA.”
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