Pesquisa mapeia perdas no varejo de alimentos

Os preços mais salgados dos produtos nas prateleiras dos supermercados e mercadinhos nem sempre são culpa da inflação ou de fatores climáticos. Furtos, itens danificados pelos próprios clientes, erros de armazenamento, estoque excessivo e até exposição inadequada estão entre os maiores motivos de perdas no varejo de alimentos.

Uma sondagem realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga) com 100 empresas do varejo de alimentos da capital, entre supermercados e mercadinhos de vizinhança, na primeira semana de maio, mostrou que as perdas estimadas chegam a 8% em média, enquanto o lucro gira em torno de 2%, o que reforça que ainda há muito a fazer para diminuir o desperdício e os prejuízos.

A seção campeã em perdas nos supermercados é a chamada FLV (frutas, legumes e verduras), com o alto índice de 65%, seguida por carnes e mercearia (32% cada), padaria e confeitaria (22%) e laticínios (14%). Já nos mercadinhos, as maiores perdas vêm da seção de mercearia (55%), seguida por FLV (38%), padaria e confeitaria (21%) e higiene e perfumaria (17%).

No total, 60% das empresas afirmaram que as perdas se mantiveram estáveis em relação ao ano passado, enquanto para 24% elas aumentaram.

Entre os motivos mais citados para as perdas nos supermercados estão os produtos sem condição de venda (avariados ou fora da validade), com 59% das respostas, seguidos por erros na gestão de estoque (24%), produtos danificados por clientes (22%), furtos (19%), problemas de armazenamento (16%) e faturamento abaixo do esperado (5%).

Também nos mercadinhos, os motivos mais citados para as perdas foram os produtos sem condição de venda (avariados ou fora da validade), com 68%, seguidos pelos furtos (29%), erros na gestão do estoque e faturamento abaixo do esperado (11% cada) e produtos danificados por clientes (8%).

“Diminuir o volume de perdas deve ser uma meta de todos: donos, chefes e colaboradores. As empresas precisam saber o tamanho e o impacto para investir em treinamento, em um programa de redução de perdas eficiente e em campanhas de conscientização”, explica Fábio Pina, assessor econômico do Sincovaga e responsável pelo levantamento.

“Se as áreas campeãs de perdas são FLV, padaria e confeitaria e mercearia, onde os produtos são perecíveis, é preciso entender o processo da oferta e demanda e aprimorar a cadeia logística”, complementa.

“Com o cuidado com o estoque e o acompanhamento do consumo diário de FLV é possível evitar alguma perda, mas é preciso racionalizar para evitar que ela seja tão alta quanto os índices apontam. A perda decorrente de estrago ou de outro meio qualquer é significativa e exige uma política interna de contenção e de mitigação do processo”, orienta Alvaro Furtado, presidente do Sincovaga-SP.

Uma tendência para diminuir as perdas no varejo de alimentos são as parcerias com a indústria, o que foi indicado por 42% das empresas entrevistadas. Dentre os supermercados desta lista, 95% afirmaram serem efetivas para o ressarcimento de perdas e evitar as quebras operacionais. Já para os mercadinhos, esse índice é de 81%, o que reforça a importância dessa atuação conjunta.

O gerenciamento eficiente do estoque foi indicado por 75% das empresas, independentemente do porte do estabelecimento, para combater as perdas. Outras providências citadas foram aumentar treinamentos para a equipe (17%), investir em equipamentos de segurança e vigilância (12%), realizar inventários físicos periódicos (5%), contratação de equipe especializada em prevenção de perdas (4%), criação de indicadores (4%) e cadastro correto de produtos (3%).

Com mais de 92 anos de história, o Sincovaga (Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de São Paulo) representa mais de 40 mil empresas da categoria econômica do varejo de gêneros alimentícios, entre elas as que comercializam, predominantemente, alimentos, produtos de higiene pessoal e de limpeza doméstica no Estado de São Paulo.

 

 

DINO

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