Mercado de trabalho acessível é desafio para área de RH

Um mercado de trabalho acessível e acolhedor passa também pela inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e com Deficiência Intelectual (DI) nos ambientes corporativos, o que traz novos desafios para gestores de RH e todos os demais profissionais interessados no tema.

A fim de oferecer ferramentas para viabilizar essa integração, o programa Coexistir realizou no dia 24/10, na sede do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga-SP)“, a palestra “Compreendendo o Autismo e a Deficiência Intelectual no Mercado de Trabalho”, com a participação de Camila Citron, fundadora do Instituto Interagir, psicóloga comportamental, neuropsicóloga e especialista em TEA e outros transtornos do desenvolvimento, e de Fabiano Leal, musicoterapeuta e educador musical, que atua na área do autismo e outros transtornos do desenvolvimento.

Ao violão, ele se encarregou de receber os participantes no auditório, reforçando, entre uma canção e outra, que “a música conecta, ensina e comunica, independentemente de as pessoas terem ou não um diagnóstico de TEA ou DI”.

Camila iniciou sua apresentação falando a respeito da legislação sobre inclusão e das definições e características do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e Deficiência Intelectual (DI), que não envolvem apenas a dificuldade de comunicação e de interação social, mas também os comportamentos restritos e repetitivos e possíveis queixas de sensibilidade sensorial.

“Cada pessoa com TEA tem um conjunto de habilidades e necessidades, sendo uma condição singular de grande variabilidade. Já a deficiência intelectual, que se caracteriza por limitações no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, é uma comorbidade do TEA”, explicou a especialista. “Dessa forma, também há diferentes níveis de suporte e apoio que esses indivíduos demandam, dependendo do transtorno que apresentam, seja leve, moderado ou severo”.

Fabiano destacou que a empatia é essencial para oferecer esse suporte. “Quem lida com esse público não pode ter medo ou ansiedade porque vai encontrar alguém com uma condição bem diferente da sua. A comunicação tem de ser clara, objetiva e assertiva para que consigam desenvolver suas potencialidades”, disse o musicoterapeuta, que incentivou os presentes a cantar juntos mais uma música.

Na sequência, Camila destacou os diferentes gatilhos que podem gerar desconforto no ambiente de trabalho a quem tem TEA, que vão desde a carga sensorial (por poderem apresentar sensibilidade reduzida ou aumentada), mudanças repentinas de rotina (alterações sem aviso), ambiguidade nas instruções, interações sociais exigentes, sobrecarga de tarefas, falta de pausas e espaços tranquilos, até devolutivas e críticas mal comunicadas.

“Para uma inclusão eficaz é preciso conhecer o profissional, preparar e treinar a equipe que vai trabalhar com ele, usar sempre uma comunicação clara e direta e proporcionar um ambiente acessível, sem gatilhos, além de mostrar etapas claras de trabalho”, orientou.

Ela também chamou a atenção para o processo seletivo, que precisa ser adequado, começando pelo ambiente, que deve ser tranquilo, e pelo roteiro, que deixe claro o que se espera do candidato, com questões diretas e específicas, evitando as perguntas muito abertas.

“A flexibilidade de quem entrevista também é importante, porque a pessoa não necessariamente vai comunicar o que e como esperamos. Além disso, o foco deve estar nas habilidades, nas potencialidades e interesses do candidato. Sempre lembrando que a previsibilidade é essencial: informar o conteúdo, a atividade e o tempo de duração colabora para a assertividade do processo”, concluiu Camila.

Ao final, Maria de Fátima, coordenadora do Coexistir, destacou o papel do RH, tanto para melhorar o ambiente das empresas quanto a própria sociedade. “Ao aprimorar o processo seletivo para uma pessoa autista, surda ou cega, eu melhoro o processo para todos. E é aí que o RH se mostra estratégico para as empresas e deveria ser mais valorizado. Nós preparamos o ambiente para receber a pessoa, formulamos as perguntas para entender o potencial que ela tem para aquela atividade e que às vezes nem ela sabe que tem. Trabalhar em um supermercado, que é algo trivial para muitos, pode ser o sonho de uma pessoa com deficiência intelectual. Nós podemos transformar a vida de alguém com TEA ou DI com muito pouco”, completou.

Com o objetivo de compartilhar esse conteúdo, o Coexistir, em parceria com a Camila Citron, desenvolveu a cartilha gratuita “Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Deficiência Intelectual (DI) no Mercado de Trabalho”, que traz também sugestões de perguntas para aplicar no processo seletivo. A cartilha pode ser acessada pelo link: https://materiais.coexistir.com.br/tea-e-di-no-mercado-de-trabalho

Boca no Trombone

O Portal BnT foi criado em 2021 e trata sobre diversos temas que afetam você e toda a comunidade de Ponta Grossa e região

Artigos recentes

Motoboy colide com ambulância do SAMU em Ponta Grossa e sofre graves ferimentos

Motoboy de 24 anos colide com ambulância do SAMU em Ponta Grossa, sofre fratura e…

% dias atrás

Ministério regulamenta uso gradativo da força pela polícia

O Ministro Lewandowski assinou portaria sobre o uso gradativo da força policial, com normas baseadas…

% dias atrás

Porto Amazonas terá R$ 2,4 milhões para projeto turístico de impacto estadual

Projeto pode transformar potencial natural em destino atrativo com a nova 'Prainha' e destacar Porto…

% dias atrás

Prefeitura confirma data da 42ª Festa da Uva, que começa na próxima sexta (24)

Conhecida como Fesuva, promoção da Prefeitura de Ponta Grossa vai reunir mais de 40 produtores…

% dias atrás

Primo de jogador do Flamengo é um dos mortos em confronto policial em PG

Wesley Borges, primo de Léo Pereira do Flamengo, morreu em confronto com a polícia em…

% dias atrás

Motorista perde controle e bate veículo em muro deixando crianças feridas em PG

O acidente ocorreu na Rua Lourenço Leuzinski, na Vila Auto Alegre. Apesar da gravidade, todos…

% dias atrás

Esse site utiliza cookies.

Política de Privacidade