Desde o nascimento da primeira bebê concebida por reprodução assistida no Brasil, que completa 40 anos em outubro, a medicina realizou grandes avanços. As técnicas foram aperfeiçoadas e muitos medicamentos chegaram ao mercado, proporcionando mais alternativas aos casais que enfrentam problemas de fertilidade. Hoje, o acesso à reprodução assistida está em pleno crescimento no país.
O número de ciclos para produção de células germinativas e embriões humanos saltou de 41.586 em 2020 para 56.588 em 2023, alta de 36% no período. Mesmo comparando ao ano anterior, o crescimento também foi expressivo, de 10%. A alta dos ciclos é favorecida pela chegada de mais clínicas de reprodução assistida no Brasil. Desde 2020, o país registrou aumento de 10,5% no número desses estabelecimentos, chegando a 191, com presença em todas as regiões.
Outro indicador em alta é o número de embriões congelados. O Brasil passou de 86.833 em 2020 para 115.503 em 2023, um crescimento de 33%. No total, o país reúne 418.220 embriões congelados, aguardando o possível momento da fertilização. “Além do acesso à reprodução assistida, existem questões sociais relacionadas a esse crescimento tão expressivo. As mulheres estão focadas em outras realizações, como a carreira profissional, e acabam por postergar a maternidade”, aponta Sergio Teixeira, diretor médico da Ferring, biofarmacêutica atuante no segmento de saúde da mulher e fertilidade.
Mais de 100 anos de pesquisas
A busca por alternativas aos problemas de fertilidade na medicina é antiga. Existem registros de pesquisas com mais de 100 anos. Mas foi somente em 1978, na Inglaterra, que ocorreu o primeiro caso de sucesso para uma fertilização in vitro. Na época, era preciso mais de uma centena de tentativas para conseguir um bebê nascido vivo e saudável. A ampla maioria dos tratamentos falhava na formação de embriões ou mesmo na manutenção da gestação.
Ainda foram necessários cerca de seis anos até que o Brasil tivesse o seu primeiro caso de sucesso, com o nascimento de uma menina, em São José dos Pinhais, no Paraná, no dia 7 de outubro de 1984. Desde então, uma série de avanços foi realizada, como o surgimento de métodos de criopreservação de óvulos e embriões, testes genéticos e aperfeiçoamento dos meios de cultivo e incubadoras.
Acesso desigual
Apesar dos avanços, o acesso à reprodução assistida ainda é muito desigual no Brasil. Com base em dados do SisEmbrio (Sistema Nacional de Produção de Embriões), da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a região Sudeste reúne 69% dos embriões congelados em 2023, seguida pela região Sul com 12%, Nordeste com 11% e Centro-Oeste reúne 7%. A região Norte representa apenas 1% dos embriões.
O estado de São Paulo aparece em primeiro lugar no ranking nacional, com 53% dos embriões congelados, o equivalente a 222.282 congelamentos. O município é seguido por Minas Gerais (7,5%) e Rio de Janeiro (7%). A região Sul aparece com o estado do Rio Grande do Sul (6,5%) e Paraná (3%).
A região Sudeste lidera os centros de reprodução assistidas no País com 56%. Seguida novamente por Sul (21%), Nordeste (13%), Centro-Oeste (7,5%) e Norte (2,5%).
A cidade de São Paulo é quem assume o primeiro lugar no ranking com 33 centros de reprodução assistida, o que representa 17,5% do total. Ela é seguida pelos municípios do Rio de Janeiro (7%) e Belo Horizonte (6%). A região Sul aparece em seguida, com as capitais Porto Alegre (5%) e Curitiba (4%).
Quanto aos ciclos realizados em 2023, o Sudeste representa a região com mais ciclos realizados, reunindo 35.254 procedimentos. Seguida pelo Nordeste com 9.624, Sul (7.184), Centro-oeste (3.952) e Norte (652).
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