Embaixo das tipuanas que embelezam o Colégio Agrícola Augusto Ribas, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Caar-UEPG), passaram cerca de 1500 pessoas, na sexta-feira (22). O espaço tinha tudo a ver com o evento: era a 6ª edição do Arboriza PG, organizado pelo Viveiro Florestal da UEPG. Além da distribuição de mudas de plantas, aconteceram conversas sobre educação ambiental, apresentação de pesquisas científicas e atividades artísticas.
O professor Carlos André Stuepp, coordenador do Viveiro, comemora o sucesso da maior edição do evento até agora. “Nossa expectativa certamente foi superada. A gente fica bem feliz que a comunidade está engajada, que estamos conseguindo passar uma mensagem e que essa mensagem vai trazer reflexos significativos para a qualidade de vida das pessoas”, avalia. Os participantes do evento eram convidados a trazer alimentos não perecíveis para doação. Foram mais de 550 kg arrecadados, destinados à Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Oficinas (Acamaro).
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Durante o dia, foram distribuídas mais de 12 mil mudas: cerca de 4 mil mudas de espécies arbóreas (ipê branco, ipê amarelo, grumixama, pitanga, araçá-vermelho, cerejeira do Rio Grande, Carandaí, goiaba serrana e araucária); aproximadamente 4 mil mudas de espécies aromáticas, como lavanda, estévia, menta e melissa; e 40 kits de restauração ecológica que somam 4 mil mudas. “Nós produzimos mudas de espécies nativas com alta qualidade genética e boa variabilidade. Então a gente quer que essa muda saia daqui de graça, mas com o compromisso de que vai se tornar uma árvore”, conta o professor Carlos.
As mudas recebidas por Moisés Garcia da Silva, acadêmico de Biologia que passou pelo evento, já tinham vários destinatários: “a ideia é plantar em casa, na casa da namorada, um pouquinho em cada lugar”, ri. Ele já conhecia o evento e fez questão de participar. “Todos os projetos que estão aqui fazem um bem danado para a natureza. Então, acho que essa reunião de pessoas é muito importante”.
Difícil quem não conheça a árvore-símbolo do Paraná, ameaçada de extinção: a araucária. Para a aluna de Agronomia Viviane Micaele dos Santos, a experiência de falar com o público sobre educação ambiental e essa árvore, em especial, foi “fantástica”. “Eu adorei aquela experiência de ir falar com o público desse ano, no meu primeiro Arboriza, falando da espécie que eu mais gosto”, avalia. “As pessoas têm sempre muita dúvida sobre árvores, sobre coisas que a gente tem informação e que muitas vezes não chega até elas”.
Para garantir que o público do Arboriza sai comprometido com a causa, o evento conta com várias atividades de educação ambiental. “É um contato direto, uma troca de experiências. Não é só ensinar, mas aprender também com as pessoas que vêm aqui”, comenta o professor. “Muito conhecimento pode ser construído nesse diálogo entre pessoas que têm interesses comuns”.
Restauração ecológica
Com base nas experiências das edições anteriores do evento, a organização sentiu a necessidade de montar kits de restauração ecológica para pessoas previamente cadastradas, com variedade e quantidade maior de mudas nativas. “Todo ano, tinha pessoas que contavam que tinham alguma propriedade com nascente ou margem de rio, e que gostaria de levar uma quantidade maior de mudas para recuperar essas áreas”, conta a professora Rosimeri de Oliveira Fragoso, do Departamento de Biologia, que também coordena o Viveiro. A produção contou com o apoio da Sociedade Tauá, uma organização não-governamental que atua na produção de espécies nativas, com foco em espécies raras. Além dos conjuntos de mudas, os interessados receberam orientações sobre as espécies, a importância das árvores no ambiente rural e como deve ser o plantio de restauração.
Ciência e Artes
Além da produção de mudas e da educação ambiental, o Viveiro Florestal é também espaço para pesquisas científicas. Algumas delas estiveram expostas no Arboriza, como as pesquisas do Laboratório de Biodiversidade da UEPG, que faz parte do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (Napi) Biodiversidade, da Fundação Araucária. O microscópio, em que era possível ver as bactérias utilizadas em conjunto com plantas, fez sucesso especial dentre as crianças; e as araucárias geneticamente modificadas, dentre os adultos.
Também teve arte e cultura: no horário do almoço, acadêmicos de Música fizeram uma apresentação especial; e durante todo o dia, o curso de Artes Visuais ofereceu uma oficina de gravura com plantas em camisetas e ecobags.
O projeto
O Viveiro funciona por intermédio de parcerias na pesquisa, ensino e extensão, contando com apoios para a atuação junto à sociedade e viabilização das doações. A equipe coordenadora do evento é composta por uma equipe multidisciplinar, entre eles: professor Carlos André Stuepp (Defito), professora Rosimeri de Oliveira Fragoso (Debio), professora Jesiane Stefânia da Silva Batista (Debiogen), professora Marta Regina Baroto Carmo (Debio), professor Arthur Calheiros Amador (Deartes), Jail Bueno (Precam) e Angela da Luz (Técnica contratada do Viveiro Florestal da UEPG).
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