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Alunos do 5° ano de escola em Arapoti desenvolvem projeto que substitui o adubo tradicional pelo biossólido

Uma ideia inovadora, sustentável e econômica está sendo desenvolvida por 30 alunos do 5° ano da Escola Municipal Clotário Portugal, localizada no Jardim Aratinga, em Arapoti. O projeto ‘Resiliência ambiental – Campo e cidade de mãos dadas com a sustentabilidade’, tem como objetivo substituir o tradicional adubo com odor utilizado em lavouras pelo biossólido (lodo do esgoto) um adubo sem odor. A ideia que começou na primeira semana de aula em fevereiro é a única escola e turma que está trabalhando sobre o tema.

A reportagem do Portal Boca no Trombone foi procurada pela idealizadora e professora do projeto, Jéssica Cristina Pinheiro. Ela explicou como tudo se iniciou e que pretende levar esse projeto para todos os produtores, ou seja, expandir cada vez mais e substituir os adubos tradicionais acabando com o mau cheiro.

“O projeto teve início por conta de um problema que vem se arrastando a anos em nosso bairro, principalmente em nossa escola, mas que durante nossas pesquisas percebemos que acaba sendo um problema para o município num geral. Próximo a nossa escola tem uma lavoura, onde os produtores fazem o uso dos resíduos de suínos como adubo. Porém o mau cheiro e o excesso de insetos interferem no andamento da escola, pois os alunos muitas vezes não conseguem nem fazer atividades de educação física ao ar livre, precisamos ficar de portas e janelas fechadas, a fim de minimizar esse cheiro durante a aula, mas infelizmente ao retornar para a casa, os alunos continuam sofrendo com o problema juntamente com seus familiares, pois todos vivem nas proximidades da escola”, conta Jéssica.

Para minimizar o problema, os alunos iniciaram estudos sobre a água, como o uso consciente, tratamento de água e tratamento de esgoto. “Durante nossos estudos sobre o tratamento de esgoto descobrimos o biossólido, que é um adubo feito do lodo do esgoto, tratado, sem cheiro e muito mais nutritivo para o solo, e o melhor, distribuído de forma gratuita aos produtores. Isso seria a solução para o nosso problema”, disse a professora Jéssica.

Para que o projeto se expandisse, os alunos se aprofundaram no tema. “Estudamos sobre adubos químicos e orgânicos, fomos para o Centro de Educação Ambiental da Sanepar em Piraquara, depois visitamos o Museu Planeta Água em Curitiba. Fizemos uma visita assíncrona para conhecer a Estação de Tratamento de Água da Sanepar, fizemos pesquisas sobre o assunto, debates em sala de aula, e por fim uma palestra de informação e divulgação dessa ideia para o nosso município, com lideranças, representantes de vários setores, principalmente do Agro e também com a comunidade, pessoas que moram no bairro e sofrem com esse problema”, explica Jéssica.

Com o andamento do projeto, a professora destaca que uma proprietária de terras próxima da escola, participou na escola de uma palestra sobre o assunto na quinta-feira (20). Disse que gostou da ideia e estava disposta a aderir a ideia do biossólido. A professora afirma que a Sanepar produz esse adubo, mas ele ainda é pouco divulgado.

Em outras palavras o projeto é solucionar o problema e também levar conscientização sobre o meio ambiente. “Quando achamos um problema que afetava nossa escola/comunidade logo pensamos em achar uma solução, pois não basta apontar o problema é necessário mostrar uma solução, apontar um caminho. Além do biossólido, a equipe técnica da Sanepar ainda apresentou outras opções de parcerias e projetos que podem ser implantados em nossa cidade, para ajudar os nossos produtores, para que produzam, mas sem interferir no andamento da vida da comunidade. Com esse projeto conseguimos conciliar campo- cidade- meio ambiente. Esse lodo além de sustentável, é rico em nutrientes e gratuito. O esgoto sempre vai existir, por isso a melhor forma de cuidar do meio ambiente é achar um jeito de devolver isso para a natureza de forma produtiva e sem causar impactos”, aponta a professora Jéssica.

Avaliação

A professora destaca que a turma é muito participativa e que o projeto foi abraçado pelos alunos e também pelas famílias.

“Além de empolgados, os alunos ficaram fascinados em ter achado uma solução para algo que muito afeta a vida deles. Além de se tornarem cidadãos críticos, também estão se tornando seres conscientes e principalmente, responsáveis pelo meio em que vivem. Aprenderam que precisam cobrar e correr atrás daquilo que é correto. Desde o início do projeto reduzimos o número de faltas dos alunos, as aulas estão mais dinâmicas, estão participando mais das atividades extra-curricular, animados pois eles podem mudar o futuro da nossa cidade com essa ideia, e o melhor, conseguimos conciliar tudo isso os conteúdos do 5° ano”.

A palestra que reuniu representantes de diversas áreas, entre eles produtores, foi iniciada pelos alunos. Ao término da palestra várias pessoas procuraram a equipe técnica, repassaram e-mail com interesse em adquirir o biossólido. “No dia 1°/07 nossos alunos estarão indo até a Câmara da Cidade apresentar uma sugestão de projeto de lei para incentivar os pequenos e grandes produtores a aderirem essa ideia”, disse Jéssica. O projeto também deve participar do Concurso Agrinho.

Leia também: Câmera de segurança registra colisão entre duas motocicletas em Jaguariaíva

Matheus de Lara

Jornalista formado pelo Centro Universitário Santa Amélia (UniSecal) de Ponta Grossa. Graduado em dezembro de 2019, já trabalhou por dois anos em jornal impresso em conjunto com um portal de notícias. Atualmente exerce o cargo de jornalista no Portal Boca no Trombone, desde 13 de março de 2023.

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