No último dia 26, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou que o Brasil registrou a criação de 137.303 novas vagas formais no mês de janeiro, conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Esse número é um sinal positivo para o governo Lula, que celebra um início de ano favorável em uma das áreas fundamentais de sua agenda política.
Entretanto, uma análise mais profunda dos dados revela que a maioria dessas novas contratações está concentrada em empregos de baixa remuneração. Aproximadamente 78,73% das novas vagas oferecem salários equivalentes a apenas 1,5 salários mínimos, ou seja, cerca de R$ 2.277,00. Em contraste, apenas 3,5% dos novos postos geram remunerações entre dois e dez salários mínimos. Além disso, quatro em cada cinco empregos criados estão localizados em micro e pequenas empresas, o que sugere que as perspectivas de aumento salarial para esses trabalhadores são limitadas.
A situação se torna ainda mais preocupante quando se considera que o salário médio dos trabalhadores desligados foi de R$ 2.265,01, valor muito próximo ao salário médio das novas contratações, que ficou em R$ 2.251,33. Embora a criação de quase 140 mil postos de trabalho no primeiro mês do ano represente um avanço — especialmente em um período tradicionalmente marcado por queda nas contratações — essa realidade não se traduz em melhorias salariais significativas.
O setor de serviços liderou as contratações com um saldo positivo de 45.165 novas vagas, seguido pela construção civil com 38.373 novos trabalhadores. Essa tendência indica uma resposta rápida do mercado às necessidades do segmento, especialmente devido à escassez de mão de obra qualificada, permitindo algumas elevações salariais nesta área específica.
No entanto, analistas expressam preocupação sobre a capacidade do país de manter esse ritmo crescente de geração de empregos ao longo de 2024. A expectativa é que a pressão sobre os custos operacionais das empresas aumente, exacerbando a inflação e dificultando um crescimento econômico sustentável. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, atribui parte dessa pressão ao aumento da taxa Selic pelo Banco Central, sugerindo que a alta nos juros pode inibir investimentos e inibir o crescimento.
A análise da realidade econômica brasileira aponta para um cenário complexo: embora a criação de empregos seja um dado positivo — especialmente para jovens entre 18 e 24 anos que representaram 58,11% das novas contratações — a qualidade desses empregos permanece uma questão crítica. Um estudo recente do Instituto Fundo de Garantia do Trabalhador (IFGT) revelou que milhões de trabalhadores demitidos sem justa causa sacaram bilhões em recursos do FGTS durante o período analisado, evidenciando a fragilidade da segurança econômica desses indivíduos.
Adicionalmente, municípios como Fortaleza enfrentam desafios relacionados à gestão fiscal e capacidade de pagamento, com rebaixamentos nas notas atribuídas pelo Tesouro Nacional refletindo dificuldades financeiras locais.
Por outro lado, a inovação surge como uma prioridade crescente nas agendas corporativas brasileiras para 2025. Uma pesquisa da EY destacou que temas como tecnologias emergentes e segurança cibernética estão se tornando centrais para os conselhos administrativos das empresas no país.
Assim, enquanto a criação de empregos pode ser vista como um indicador positivo na luta contra a informalidade e para o suporte aos jovens no mercado laboral, é fundamental que se busquem soluções para melhorar a qualidade dos postos gerados e promover um ambiente econômico saudável que permita o crescimento sustentado e inclusivo.
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