A chuva molha. Uma porção de água que começa a cair do céu e às vezes cessa na timidez de quem nem deveria ter ousado começar a se precipitar. Em outras vezes, vem tão furiosa e decidida que ninguém se poria a questionar: por que tanta água veio molhar?
Calçadas, ruas, marquises, lojinhas mil a colocar seus manequins um pouco mais para dentro, temendo que as roupas novas fiquem molhadas. Ninguém quer comprar uma peça que já vem hidratada!
Quase correndo junto aos manequins estáticos, a moça se apressa em não perder nada das marquises salvadoras de sua cabeleira recém-escovada. Os cachos rebeldes, agora domados, são ameaçados no afã da chuva. E tão lindos os fios esticados querem permanecer bem-comportados.
É seu amor quem vem lhe salvar. Mesmo diante do frio, o moço tira o casaco e entrega para a mulher cobrir os cabelos, ufa, salvos! Pelo calçadão saracoteia o par, a moça a circular cabeça embalada pelo blusão, o moço com os braços de fora segue com a amada marquises afora.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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