Sobre uma caixa de passagem fico sentada,
tubulação de esgoto para ser mais exata
sobre as sobras, aquilo que não serve para nada.
Gosto de fugir da vida, às vezes, e me esconder onde ninguém me encontra.
Quem gosta de resto? Do que não serve mais?
Fico quieta olhando as folhas secas no chão
As árvores que mudam de cara mediante a estação
Tanta coisa já vivenciada!
A vida também passa!
Contudo, não foi ela!
Não lhe posso atribuir tal culpa pelos infortúnios
fui eu que andei sem rumo
com o fio do prumo desalinhado.
Os bichos também se escondem, como eu não querem ser encontrados
o vão do esgoto leva para longe o que não se deseja
igualmente quero afastar o que não serve
a cabeça está cheia
nem sempre do que se anseia encontrar.
Distante um barulho chato,
um som intermitente,
um ruído que entranha na mente.
Mais um suspiro, mais um receio
dos engodos, dos caminhos
Por quantas caixas de passagem segue meu tormento.
Leia mais: Policarpo, por Renata Regis Florisbelo
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