Pericardiectomia. O nome é difícil, mas o significado é importante. Pela primeira vez, o Hospital Universitário Materno-Infantil da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Humai-UEPG) realizou uma cirurgia cardíaca de alta complexidade.
Para a diretora geral dos Hospitais Universitários da UEPG, professora Fabiana Postiglioni Mansani, a cirurgia cardíaca realizada deu um start importante na especialidade, pois até então sempre foi necessário a transferência dos pacientes para hospitais de maior complexidade, e os pacientes da região permaneciam na lista de espera de leitos junto à regulação do Estado.
“Nos últimos quatro anos, após a UEPG assumir a gestão do Humai, é crescente o aumento tanto do número quanto da complexidade de cirurgias realizadas neste Hospital. Um avanço importante para a assistência na pediatria, o que sempre foi um vazio assistencial para abranger os municípios da 3ª Regional de Saúde. A gestão dos HUs-UEPG está constantemente aprimorando suas formas de credenciamento para que os pacientes sejam atendidos com mais qualidade”, completa a professora Fabiana.
Mas e a pericardiectomia? De acordo com o Marcelo Ferraz de Freitas, cirurgião cardiovascular responsável pelo procedimento, é uma intervenção realizada quando a membrana que envolve o coração, o pericárdio, desenvolve uma reação inflamatória e cicatricial que a torna espessada, endurecida e pouco complacente. “Isso causa uma espécie de encarceramento do coração, comprometendo o enchimento adequado de sangue e consequentemente prejudicando o adequado funcionamento cardíaco. Esse prejuízo se reflete em falta de ar e cansaço aos menores esforços, podendo causar insuficiência cardíaca e em casos mais severos, morte por baixo débito cardíaco”, completa.
Além da complexidade da cirurgia, pois é necessária a abertura do tórax do paciente já debilitado, o médico Marcelo de Freitas explica que o pericárdio doente está extremamente aderido ao coração, exigindo uma dissecção delicada e cuidadosa para não lesar o coração e demais estruturas importantes, como veias, artérias e nervos da cavidade torácica. “Seria como tirar uma uva de dentro de um bloco de concreto, sem lesar a uva”, comenta. Além disso, esse tipo de cirurgia geralmente exige que o coração seja parado através da circulação extracorpórea, mas não foi isso que aconteceu. “Estudamos detalhadamente como a doença se relacionava com o coração através de exames de ecocardiografia e tomografia, o que nos permitiu realizar a cirurgia com o coração do paciente batendo, em pleno funcionamento”, conta o cirurgião.
“A cirurgia envolveu um time grande de profissionais, pois começa com o devido diagnóstico e planejamento”, ressalta. Ele agradece a toda a equipe envolvida na preparação, realização e recuperação. “Este papel foi desempenhado com mestria pela cardiologista pediátrica, Dra. Renata Bittencourt, e a competente equipe da UTI pediátrica, um time totalmente focado e dedicado em fazer seu melhor. Na minha equipe também atuaram a Dra. Oiadia Nocetti Serman, cirurgiã cardiovascular e o Dr. Márcio Yeda, anestesista. O pós-operatório também contou com a equipe médica, de enfermagem e fisioterapia da UTI Pediátrica, que propiciaram cuidados fundamentais para a plena e rápida recuperação do paciente”, finaliza o médico Marcelo de Freitas.
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