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Colônia Terra Nova em Castro comemora 90 anos neste fim de semana; veja a programação

Neste sábado (8) e domingo (9) a Colônia Terra Nova, localizada em Castro, está completando 90 anos de história e tradição. Colonizada por imigrantes alemães no ano de 1933, foi montada uma programação festiva para comemoração. O slogan da festa é “um brinde a tradição”. Hoje na colônia vivem aproximadamente 70 famílias.

Antes de falar um pouco sobre a história da Terra Nova, o historiador e neto de imigrantes, Alexandre Hubert, conversou com a reportagem do Portal BnT Online. Segundo ele, a expectativa de público é de mil pessoas.

“A Colônia Terra Nova no decorrer dos anos muitos dos imigrantes foram embora daqui, mas mantém contado afetivo com a colônia. Durante a festa, vem bastante pessoas de São Paulo, São Bernardo do Campo, Curitiba, Witmarsum, Santa Catarina, Minas Gerais, da região de Castro, muitos amigos adeptos a cultura germânica. Por outro lado, a nossa missa realizada no dia de comemoração se canta e reza em alemão, há os desfiles de tratores antigos, as crianças em trajes típicos e também no clube as comidas típicas alemães”, conta Alexandre.

Durante as festividades também haverá as barraquinhas com produtos típicos (Waffel, Apfelstrudel, Currywurst, Bratwurst, Zwiebelkuchen e Eisbein) e também com lanches salgados, bolo e tortas, chopp, refrigerante, café, chá e chocolate quente, além de brincadeiras, exposições, competições, músicas alemães, entre outras atrações. Também nos dois dias terá salas temáticas sobre a “Contribuição de Terra Nova na produção de leite e a sustentabilidade” e “Brincadeiras de ontem e de hoje”. Há também a exposição de fotografias antigas “Terra Nova 90 anos” e a História sobre a Escola de Terra Nova.

Programação

Programação de sábado (8). 10 horas – Início das festividades; 10h30 – Caminhada pela Colônia; – 11 horas – Abertura barraquinhas para alimentação; 13 horas – Grupo de ciclistas e também apresentação do 13° BIB de Ponta Grossa; 14 horas – Abertura oficial com presença do prefeito e autoridades; 15 horas – Homenagem às professoras Alice Hoffmann e Gudula Maus; 16 horas Show de Prêmios; 17 horas – Animação Banda Vox Tureck; 21 horas – encerramento.

Programação de domingo (9). 10h15 – chegada dos tratores antigos na Igreja de Terra Nova; 10h30 – Missa Solene em Ação de Graças com o Bispo D. Sérgio Homenagem aos Imigrantes durante a missa. Após a missa desfile dos tratores até o clube; 11 horas – abertura barraquinhas; 11h30 – almoço típico alemão (ingressos antecipados); 13 horas – Animação Banda Vox Tureck; 14 horas – Apresentação Grupo Sonnenstrahl Infanto Juvenil e Mirim; 18 horas – encerramento.

História

A Colônia Terra Nova foi fundada pela Companhia de Colonização no Estrangeiro (Berlim) em parceria com o Consulado Alemão em Curitiba. Juntos adquiriram a fazenda Garcez pertencente ao Doutor Jeronimo Cabral Pereira do Amaral, que foi inteiramente dividida em lotes, que eram vendidos aos imigrantes alemães. “Muitos foram os motivos que levaram famílias alemãs a abandonar a Alemanha. O país na época era tomada por uma onda de desemprego, em decorrência da crise financeira mundial (quebra da bolsa de valores em 1929). A ascensão do movimento nacional-socialista com Hitler a sua frente também foi um motivo para que alemães descontentes deixassem seu país”, explica Alexandre.

O historiador também conta que a condição para emigrar ao Brasil era a de se dedicar a agricultura. “Fato é que quem veio era sapateiro, padeiro, alfaiate, engenheiro, bancário, bombeiro, comerciante, capitão de navio, botânico, cantor lírico, açougueiro. De aproximadamente 120 famílias que constituíram a colônia Terra Nova, apenas um pequeno número tinha tido noções de agricultura, à qual foram submetidos aqui”.

A lei brasileira de 1934 regulava a entrada de estrangeiros que atendessem exclusivamente a necessidade de serviços agrícolas.

“A fazenda Garcez foi dividida em 2 partes: Terra Nova Garcez e Terra Nova Maracanã. Para a parte Garcez eram destinados os imigrantes alemães. Terra Nova Maracanã recebeu reimigrantes, vindos de Santa Catarina. A colônia tinha uma administração, e o gerenciamento principal pelo Senhor Consul Aeldert. A administração auxiliava os colonos com alimentos, sementes e adubos para o plantio. A ideia inicial era que os colonos reimigrantes de Santa Catarina auxiliassem os novos imigrantes na nova vida. Uma vez que já tinham adquirido algumas noções de agricultura”, enaltece Alexandre.

Foto Divulgação

Alexandre também contextualiza que em 1936 foi fundada a cooperativa mista Garcez, em que o colono podia assim levar o excedente de sua produção (principalmente manteiga) à cooperativa e lá também adquirir outros produtos. “Em 1937 foi inaugurada a Igreja de Terra Nova. O Padre Ludwig Laufenberg, também imigrante
alemão, vindo em 1934, atendia os colonos e motivou-os a construírem uma igreja. A Escola da colônia, desde o inicio houve grande preocupação com a educação das crianças. Alguns colonos lecionavam os principais conhecimentos sobre a língua alemã, matemática, historia e geografia. Logo se construiu o prédio da Escola juntamente com o Clube”.

Já em 1945 com a queda da Alemanha e o término da Segunda Guerra Mundial, a colônia sofreu graves consequências. “Os funcionários da administração da colônia e o Consul Aeldert tiveram que abandonar suas funções e voltar à Alemanha. Muitos colonos também abandonaram seus lotes e voltaram para a Alemanha ou foram atrás de melhores condições de vida em cidades como Curitiba e São Paulo. A Lei de Nacionalização de 1938 mostrou toda a sua rigidez depois de 1945”, lembra Alexandre.

Falar em alemão foi proibido ao menos na escola e em público. A produção de leite constituiu a base econômica das famílias de Terra Nova durante várias décadas e prevalece até hoje. “Ao lado da produção agrícola, de milho, trigo, soja e feijão. Outra fonte de renda de grande importância para muitas famílias durante muitas décadas foi a produção de vinho. O vinho era comercializado em Castro e Ponta Grossa. Em 1975 a colônia recebeu a luz elétrica”, destaca o historiador e neto de imigrantes Alexandre Hubert.

Hoje, a colônia tem a Comunidade Santa Terezinha, a União Católica, a Associação dos Moradores, a Associação de Preservação da História e Ecologia de Terra Nova, que engloba o Museu de Terra Nova, o Clube Recreativo e Cultural 25 de julho e o Grupo folclórico típico alemão “Sonnenstrahl”.

Leia também: Centro Cultural Castrolanda tem horário especial nas férias

Veja mais fotos da época;

Matheus de Lara

Jornalista formado pelo Centro Universitário Santa Amélia (UniSecal) de Ponta Grossa. Graduado em dezembro de 2019, já trabalhou por dois anos em jornal impresso em conjunto com um portal de notícias. Atualmente exerce o cargo de jornalista no Portal Boca no Trombone, desde 13 de março de 2023.

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