O corredor me assusta. Um vão que embora se saiba bem para onde vai, nos engana. Duvido que seja somente para as portas indicadas. Não creio não. Ao abrir a porta do elevador ou finalizar o andar das escadas, inúmeras possibilidades que se abrem. Demorei para reconhecer o quanto intrigam: corredor é corredor em qualquer lugar do mundo. A sala com tralhas vez por outra deixada aberta expondo coisas prováveis e improváveis no corredor do velho hotel. Um fim abrupto numa janela e nada mais além dela no hotel novo. A casinha de madeira com seu corredor a ranger junto com as tábuas. O corredor-salão do imponente escritório, com ele se atravessa uma linha de tempo entre quadros, estantes e livros raros. Um arrepio a percorrer cada reentrância por sobre a tinta retocada nas paredes cheias de memórias. No prédio em construção, sombria edificação, havia esperança de gente em forma de criança vir a brincar e sorrir nos vãos. O corredor sempre será mais do que uma mera impressão.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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