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Direito de envelhecer: um privilégio que não devemos negar, por Ana Claúdia Gambassi

Ao longo das últimas décadas, nós, mulheres, conquistamos muitos direitos. Lutamos por igualdade, pela nossa voz no mercado de trabalho, pelo direito de ser quem queremos ser. Ainda estamos longe do ideal, mas há avanços inegáveis. No entanto, esses avanços parecem parar quando falamos das mulheres mais velhas. É como se, a partir de certo ponto, não tivéssemos mais o direito de simplesmente existir em nossa própria pele.

A ministra Cármen Lúcia, do STF, disse algo extremamente sábio e revelador: “Para a sociedade, os homens ficam maduros aos 50; as mulheres, velhas aos 30.” E essa visão ultrapassada impõe uma série de cobranças desumanas sobre nós. Há uma pressão implacável para que busquemos a juventude eterna, como se o envelhecimento natural fosse uma falha que precisa ser corrigida. O resultado? Uma sociedade que patrulha não só nossos corpos, nossas roupas e comportamentos, mas até cada uma de nossas rugas. E parece que as rugas, em especial, são proibidas de existir.

Estamos sendo levadas ao adoecimento. Na ânsia de atender a esses padrões irreais, muitas mulheres se lançam em procedimentos estéticos arriscados, impactando sua saúde física e mental. Para quem fazemos isso? Para nos adequarmos ao que esperam de nós? Para cumprir um ideal inalcançável que só gera frustração e mais cobranças?

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O mais alarmante é que esse ciclo não tem fim. As exigências estéticas são inatingíveis e, ao invés de viver a plenitude de quem somos, passamos a nos negar, a esconder o tempo que é tão natural, tão humano. Até quando vamos continuar abrindo mão do direito de envelhecer?

Seja lá qual for a escolha de cada uma – se optar por um procedimento estético ou não – que seja por você mesma. Que seja para harmonizar a imagem no espelho com quem você é por dentro. Mas que não seja por imposições sociais. Envelhecer é um privilégio. As rugas contam nossas histórias, nosso amadurecimento, a força que acumulamos ao longo da vida.

Portanto, não abra mão do direito ao envelhecimento. Não se negue o privilégio de ser quem você é, em todas as fases da vida. Que esse processo seja vivido de forma plena, em paz com você mesma, e não como um fardo a ser disfarçado. O direito de envelhecer é sagrado, e ninguém deveria ter o poder de nos negar isso.

Ana Claudia Gambassi

Graduada em Direito, Jornalismo e Ciência da Felicidade, Ana Cláudia Gambassi se define como jornalista, atriz, mãe de três filhos, esposa, mestre de cerimônias, autodidata em moda e estilo, e não necessariamente nessa ordem. Apaixonada pela vida e pela comunicação, ela atua na área há quase 40 anos, sempre em movimento.

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