“Que bacana alguém da sua idade fazendo teatro”, eu ouvi esse elogio esses dias. Eu sei que a pessoa teve boa intenção, mas de boas intenções isso equivale ao “para sua idade, você tá ótima!”, “mesmo gordinha, você tem um rosto lindo”, “para uma mulher até que você manda bem”.
Todo elogio que tem um ‘apesar’, ‘mesmo’, ‘até’ acaba sendo uma demonstração de preconceito estrutural que a gente carrega sem nem perceber. Ou é bacana eu fazer teatro, ou não é. Ou eu estou bem ou não. Ou eu mando bem ou não.
Onde é que entra o quesito idade ou gênero aqui? Ou tem um rosto bonito ou tem um rosto bonito, porque todas as pessoas são bonitas de rosto de corpo. Algumas são muito feias de alma, isso sim. Pensa nisso.
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