Paulo Pinto/Agência Brasil
Uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) acende um novo alerta sobre a segurança da água da chuva: ela pode conter resíduos de agrotóxicos, tornando seu uso potencialmente perigoso para consumo humano e outras finalidades. Os dados foram publicados na revista científica Chemosphere e repercutidos pela Revista Fapesp.
O estudo analisou amostras coletadas em três cidades paulistas, Campinas, Brotas e São Paulo, entre agosto de 2019 e setembro de 2021. Em todas as amostras, os pesquisadores detectaram a presença de agrotóxicos, incluindo herbicidas, fungicidas e inseticidas.
Contaminação associada à atividade agrícola
Campinas liderou o ranking de concentração dos resíduos com 701 microgramas por metro quadrado (µg/m²), seguida por Brotas (680 µg/m²) e a capital São Paulo (223 µg/m²). De acordo com a publicação, a quantidade de agrotóxicos na água da chuva está diretamente ligada à extensão dos cultivos agrícolas em cada município: em Campinas, por exemplo, quase metade da área de 795 km² é ocupada por plantações. Brotas apresenta 30% dos seus 1.101 km² voltados à agricultura, enquanto São Paulo, mais urbanizada, tem apenas 7% dos seus 1.521 km² nessa atividade.
Atrazina: proibido, mas presente
O dado mais preocupante do estudo é a detecção do herbicida atrazina em todas as amostras, inclusive nas de São Paulo. A substância é proibida no Brasil por representar riscos à saúde humana, sendo associada a distúrbios hormonais e potenciais efeitos cancerígenos.
A coordenadora do estudo, Cassiana Montagner, destaca a importância do alerta. “A ideia de que a gente, ao tomar água de chuva, está tomando uma água limpa, ela não é de toda verdade. Eu acho que isso que o estudo acaba trazendo um pouco: levantar esse alerta com relação a essa questão ou a esse uso”, afirmou à Revista Fapesp.
Uso da água da chuva exige cautela
A descoberta reforça a necessidade de regulamentar e monitorar o uso da água de chuva, especialmente em áreas próximas a lavouras. Práticas comuns como o reaproveitamento da água da chuva para irrigação de hortas, limpeza e até consumo — com ou sem tratamento caseiro — podem representar riscos, caso não haja controle de contaminantes.
Com o Brasil liderando o ranking mundial de consumo de agrotóxicos, o estudo da Unicamp joga luz sobre uma realidade invisível: os impactos dessas substâncias não se restringem ao solo ou aos alimentos, mas atingem também o ciclo da água, com possíveis efeitos em cadeia à saúde pública.
Mais estudos e políticas públicas
Pesquisadores defendem que esse tipo de contaminação deve ser mais debatido, investigado e considerado nas políticas públicas de abastecimento e segurança hídrica. A pesquisa também abre caminho para a revisão de práticas agrícolas e da legislação sobre o uso de defensivos no país.
Enquanto isso, especialistas alertam que a população deve evitar o uso direto da água da chuva para consumo, mesmo após filtragem caseira. A recomendação é sempre buscar fontes de água potável tratadas por órgãos responsáveis.
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