Nesta quinta-feira, 16 de novembro, o Ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, acompanhado pelo diretor-geral do ministério, Eyal Zamir, confirmou que o governo está preparando a libertação de prisioneiros detidos pelo Hamas. A declaração veio logo após o anúncio de um acordo de cessar-fogo feito por representantes do Catar, do Hamas e dos Estados Unidos. As autoridades israelenses afirmaram que todos os recursos do ministério seriam mobilizados para garantir a implementação do acordo, que inclui a liberação de reféns e apoio às suas famílias.
No entanto, apesar das declarações, o governo israelense não formalizou sua adesão ao cessar-fogo. De acordo com a emissora Canal 12, o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu se reuniu com o Ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, para evitar que ele rompesse a coalizão governamental durante o processo de confirmação do acordo. As discussões sobre o cessar-fogo devem continuar até sábado.
O governo israelense havia planejado realizar uma votação sobre o cessar-fogo nesta quinta-feira, mas Netanyahu optou por suspender a votação, citando exigências de última hora do Hamas. Essa justificativa foi rapidamente refutada pelo próprio movimento.
A possibilidade de um cessar-fogo, após um ano e meio de conflito sem resultados substanciais, é vista como uma grande humilhação para Israel. O fato de o acordo ter sido anunciado pelo Hamas e seus aliados norte-americanos agrava essa percepção. O governo israelense está em uma posição vulnerável, o que levanta dúvidas sobre sua capacidade de sustentar uma guerra prolongada sem o apoio essencial dos Estados Unidos.
O apoio dos EUA ao cessar-fogo é explicado pelas graves derrotas militares que Israel sofreu, afetando tanto sua economia quanto sua credibilidade internacional. A guerra não trouxe vitórias significativas e, além disso, aumentou a pressão sobre o governo israelense devido aos conflitos regionais.
A insatisfação da população israelense com a administração de Netanyahu tem crescido, com pesquisas recentes indicando que 88% dos cidadãos desaprovam suas políticas de guerra. Esse descontentamento é ampliado pela percepção de que as forças israelenses são vistas como mais fracas em comparação com a resiliência do Hamas.
A Autoridade Palestina também enfrenta desafios internos à medida que o Hamas ganha popularidade entre os palestinos. Esse clima político instável, tanto em Israel quanto nos territórios palestinos, coloca em xeque a governabilidade e a segurança na região.
O debate sobre o cessar-fogo revelou divisões dentro da coalizão governamental israelense. Partidos da extrema direita criticam qualquer acordo como uma rendição ao Hamas, enquanto líderes da oposição oferecem apoio a Netanyahu em troca de promessas de segurança.
Com a pressão interna aumentando e as expectativas internacionais se intensificando, Netanyahu está em uma posição delicada. A continuidade do conflito poderia resultar em sua destituição ou em uma escalada da crise social no país, enquanto aceitar o cessar-fogo poderia ser visto como um reconhecimento de falha em sua estratégia militar.
Essa crise política e militar representa não apenas um desafio para Netanyahu, mas também um momento decisivo para as dinâmicas regionais entre Palestina e Israel. Observadores internacionais estão atentos às repercussões desse impasse no cenário geopolítico mais amplo.