Lugar de mulher é no estádio, no campo, nas quadras, por Roberto Ferensovicz

Neste último domingo quase 6 mil pessoas estiveram no Germano Krüger acompanhando a vitória do Operário contra o Floresta, desse público a grande maioria eram do sexo feminino.

A promoção da diretoria (louvável diga-se de passagem), foi em decorrência de uma punição imposta ao clube pela Justiça Desportiva após confusões durante a partida contra o Paysandu pela série C. Nos dois jogos nos quais o clube foi punido a permissão que mulheres e crianças fossem torcer pelo Fantasma de Vila Oficinas.

Importante fazermos uma reflexão sobre a participação das mulheres no futebol, seja como torcedoras, como atletas de final de semana, amadoras ou até mesmo profissionais. Acompanho futebol há bastante tempo e vejo o quanto é lento esse processo. Só para ter uma ideia, até o final dos anos 1970 as mulheres eram proibidas de jogar futebol (Decreto3.199/41). A falta de investimento com certeza é o principal dificultador para a participação feminina nesse esporte.

Os clubes ao meu ver parecem que fazem um favor em manter equipes femininas, aliás, os clubes somente irão investir no futebol feminino quando forem obrigados, algo que está prestes a acontecer. Pois a CBF quer que todos os clubes participantes das séries A, B, C e D tenham equipes femininas.
Assim como na política, no futebol teremos que ter imposição para a participação das mulheres, o que é lamentável.

Alguém pode dizer, “mas o futebol feminino não é atraente para a mídia, para os investidores”. Eu diria, o futebol masculino também não era, o meu Flamengo teve sua fundação baseada no remo, por isso o nome “Clube de Regatas do Flamengo”, o futebol veio depois, entendo que é com a prática que que se populariza e depois vem a valorização. Mas se não tiver a prática, no caso do futebol feminino, jamais chegará próximo ao masculino.

COPA DO MUNDO

Agora no final de julho ocorre na Austrália e Nova Zelândia a 9ª edição da Copa Feminina de Futebol, pouca gente sabe da competição que pela primeira vez terá a participação de 32 seleções, assim como a competição masculina.

O Brasil estará no grupo F ao lado da França, Jamaica e Panamá, e a estreia será no dia 24 às 8 horas da manhã. A maior campeã é a equipe americana com quatro títulos, a melhor colocação do Brasil foi o vice campeonato em 2007. A realidade é inversa no futebol masculino onde os USA não possui nenhum título e o Brasil é penta campeão.

Mas vejamos alguns números que retratam a importância que se dá ao futebol feminino na terra do Tio SAM. Em torno de 70% das praticantes do futebol estão lá, atletas menores de idade, 1,5 milhão de americanas contra aproximadamente 3 mil brasileiras, portanto o sucesso das americanas está relacionado aos investimentos, e o resultado são os títulos e a popularidade do futebol feminino pelos campos, estádios, canais de tv e streaming, “simples” assim!

Mas um dia chegaremos lá, mas por enquanto como diria Lulu Santos: “com passos de formiga e sem vontade”. Pelo menos sem a vontade dos homens que comandam a CBF, porque vontade não falta às nossas meninas e que os passos de formiga sejam substituídos pelos passes da Formiga, uma das principais atletas da história do nosso futebol ao lado da craque Marta.

E para finalizar, que a iniciativa do Operário não fique “só” em levar as mulheres ao estádio em dias de punição do clube, não que elas deixem de ir em outros jogos, centenas vão, mas que tenhamos uma iniciativa maior, com por exemplo uma equipe feminina no próximo ano.

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