Um dia Marta se viu sozinha, os filhos haviam crescido e ela seguia só na sala imensa. Sem barulho, sem algazarra, contudo em sua mente menino e menina ainda pulavam, brincavam, às vezes brigavam e tudo terminava em nada, pois ela lançava um olhar firme e eles tratavam de se aquietar. A casa vazia e o coração numa aflição recorrente. Por onde andariam? Tão pouco contato, os meninos não mandavam notícias. Dois passarinhos amarelos como sempre foram e seguiram para revoar por outras paragens, ou para nem pararem em lugar algum. Era hora de seguir por si, porém as lembranças não deixavam, não a largavam. Datas festivas, comuns, feriados, tudo se misturava numa falta de gosto, as notícias cada vez mais velhas. Marta não vê muita graça nas coisas, preferiria seus meninos ainda pequenos com ela. Eles não quiseram, ganharam asas que cresceram à revelia dela. A casa é grande e está e está repleta de espaços que não se pode preencher.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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