Depois da quinta vez com a mesma percepção, me pus a olhar para ela com atenção. A pele era tão alva que alcançava a translucidez. Será que estava mesmo viva? Havia uma instabilidade em seus gestos que parecia oscilar entre se mover ou se imobilizar. Tornar-se imóvel, como uma prateleira pesada num canto ou uma pedra no fundo do quintal. O olhar era fugidio, queriam os olhos fugir dali, da sala, do local cheio de gente, do corpo cheio de obrigação e da mente desconsertada em estar ali. Lembrava as cigarras que se rompem e deixam suas carcaças mortas a habitar, inertes, o velho tronco. Passei por ela na fila, mas não sei se passei, nada nela se modificou depois que por ali minha dúvida se esparramou. Por entre meus dedos, a indagação: estaria ela viva ou só uma porção ínfima de vida lhe habitaria? Não mexia a cabeça, não mirava nos olhos de ninguém, no final da fila ajudando a servir, talvez eu não saiba e não sirva para interagir. Quem está meio-viva, ela ou eu? Ainda ninguém respondeu.
Leia mais: Proibição, por Renata Regis Florisbelo
Guarda Municipal de Ponta Grossa prende motociclista com drogas e dinheiro em Uvaranas após fuga…
Estado investe R$ 2,7 milhões em sistema Autolys para coleta e análise de DNA, avançando…
O evento, que acontece também nesta sexta-feira (22), tem como tema central a "Emergência Climática"…
PF indicia Bolsonaro e 36 por golpe de Estado; PGR decidirá denúncia em 15 dias.…
O Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (Compac) de Ponta Grossa, oficializou e reconheceu como patrimônio…
A entrada será a doação de um brinquedo novo ou em boas condições para a…
Esse site utiliza cookies.
Política de Privacidade