A moça tinha ar mais sério do que os demais. Compenetrada, sempre fazia perguntas interessantes e a mim também interessava conhecer de onde vinha aquela simpatia elegante de moça bem-educada. Jamais falaria palavrões e ria com peculiar charme. No auditório, cruzava as pernas com graça e charme de mocinha interiorana.
Conversas depois das aulas e o falatório para garantir o quão cada um entendeu do assunto. Os sorrisos leves e a oportunidade de conhecer suas origens, sua terra natal. Nos finais de semana, ela abandonava as roupas comuns e ousava preencher vestidos justos que valorizavam a forma. Silhueta elegante, e ela franzia o nariz para os doces. Depois de uma caipirinha com adoçante, deixou escapar, por entre sólidas sobras dos cubos de gelo, que fora gordinha na infância e a mãe a censurava nas comidas:
– Minha filha, não coma nabo roxo, pois tem calorias.
Pobre beterraba, apesar do deslumbrante tom de pele, em sua veste vegetal, não tinha a mesma elegância esbelta da moça que queria distância dela.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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