Sabe aquele ditado que diz “quando a esmola é demais, o santo desconfiança”? Pois então, não que sejamos santos, longe disso, mas nas caminhadas difíceis que traçamos nos depararemos com grandes palavras, grandes discursos eloquentes, convincentes e até mesmo transcendentes, elaborados em palavras, porém miseráveis nas ações, em um mundo simbolizado por falas. “Quem tem ato é rei”.
Seja próximo de quem “bate no peito” e resolve assumir não somente o resultado positivo, mas as trágicas e constantes “m3rd4s”, pois “falar até papagaio fala”.
Claro que a maravilhosa destreza da retórica faz sim pensarmos e nos iludirmos, mas convenhamos, quantas vezes você ouviu que “peixe morre pela boca”? Nessa vida, são poucos os que “dão a cara pra bater”.
Cito estes ditados para lembrarmos que os antigos eram sábios nas palavras, mas eram coerentes nas ações. Afinal, somos o que somos agora pelo que vivemos e passamos.
Não adianta “contar com o ovo no c* da galinha”: no momento em que ainda convier de ser útil, certamente estará a sua volta. Agora, experimenta não é tão útil assim, ou exigir um pouco: “não sobra pedra sobre pedra” ou “aí que a porca torce o rabo”. Essa última nunca entendi direito, mas cabe aqui no que quero dizer: estarei só.
“Eu nasci pobre, mas não nasci otário” e “dó pó eu vim, ao pó voltarei”, são alguns dizeres que estão sempre dando uma prévia do que estaremos a enfrentar. No momento em que a confiança vira um punhal nas costas, esses ditados vêm à tona como um “déjà vu”.
E enquanto o choro desce rasgando sua conquista, as lágrimas aguardam sendo secadas pela razão, e o ceticismo no juízo dos discursos será seu novo passatempo. E quando no ato você notar esse descompasso dos discursos, sendo cínico na sua cara, o alívio de ter essa leitura se irradiará em seu sorriso, e vendo a mentira verter e a clareza esconder-se atrás dos olhos alheios na sua frente se esvairão.
Não que eu seja pessimista e não acredite que a palavra tem poder, não é isso. Mas os acordos amistosos contemporâneos são extremamente rasos. Observe que quando falam “conte comigo”, geralmente querem que você enumera com eles as vitórias deles, não que você terá ajuda. Ou “qualquer coisa, grite”. Você vai gritar, então não será atendido. Ou “nos vemos por aí”. Ah, vão se ver sim, mas não vão olhar na cara um do outro.
E por aí vai, acredito que captou a sua mensagem, não? Isso mesmo, “a sua”, afinal você já sabia de tudo isso, só não estava admitindo. Mas não tem problema, deixa que eu me queimo aqui por ti. Afinal, só me resta escrever palavras que sejam as verdades vividas e sofridas como as cicatrizes de avisos de “não se esqueça o que sofreu”.
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