Nem sempre prestei atenção nas embalagens. O apelo comercial não era tão acirrado assim. Passado algum tempo, tomei tento de que embalagem vende, por vezes, mais do que o produto que lhe preenche.
Laços de fita, plásticos coloridos e estampados aos milhares (quase esqueci que o tema é o balde) e até, ufa, papel reciclável suavemente ao chão. E no balde também vão brinquedos, um arsenal de pecinhas de entreter criança sozinha.
Desavisada estava eu quando vi chegar ao lado o moço simpático. Sorrateiro, parecia um gato com um pássaro na boca a ofertar ao dono, se é que gato se julga tendo dono. No lugar do bicho abatido, ele portava um balde. Recipiente grande, a embalagem bem maior do que o produto e mais, esticou as duas mãos para meu olhar alcançar o conteúdo. Lá, ao fundo do balde, estava ela, atordoada embora não completamente abatida, a cobra colorida. Do homem, no suspiro do gato em largar o pássaro da boca, ouvi:
• Será que é venenosa?
Mais oportuno a embalagem vir com tampa.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
Leia mais: Pelas mãos, por Renata Regis Florisbelo
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