A mama-cadela, uma fruta pouco conhecida e típica do Cerrado brasileiro, está atraindo atenção no campo da nutrição graças à pesquisa conduzida pela nutricionista e professora Grazieli Pascoal, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A fruta, que leva o curioso apelido de “chicletinho do Cerrado”, é de cor amarela a alaranjada e possui uma polpa doce e fibrosa, sendo considerada um alimento rico em nutrientes e compostos bioativos.
O que motivou a pesquisa foi a falta de informações sobre a composição nutricional da mama-cadela. Pascoal, em seu pós-doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, decidiu investigar a fruta com o objetivo de resgatar saberes alimentares esquecidos e trazer à tona a importância dos frutos nativos para a população. O estudo revelou que a mama-cadela é uma excelente fonte de vitamina A, vitamina C, carotenoides, fibras e compostos antioxidantes, substâncias que trazem inúmeros benefícios à saúde.
A vitamina A, essencial para a saúde ocular e a função imunológica, é encontrada na mama-cadela na forma de betacaroteno, que é convertido em vitamina A pelo corpo. Uma porção de seis unidades da fruta é capaz de atender mais de 60% da recomendação diária de vitamina A, equivalente ao valor encontrado em cenouras. Além disso, a fruta se destaca como uma fonte significativa de vitamina C, com a porção equivalente a um quarto de laranja, contribuindo com até 18% da recomendação diária para mulheres adultas. A mama-cadela também é rica em fibras, o que auxilia na saúde gastrointestinal e na microbiota intestinal, alcançando 10% da recomendação diária de ingestão para adultos.
A descoberta sobre a composição nutricional da mama-cadela pode ser um grande passo para a valorização da biodiversidade alimentar do Brasil. Segundo Pascoal, a inclusão de alimentos nativos na dieta pode ajudar a diversificar a alimentação, combatendo o consumo excessivo de produtos ultraprocessados, que tem impactado negativamente a saúde da população brasileira. Dados de 2019 apontam que mais de 50% das mortes no Brasil foram causadas por doenças crônicas, muitas delas relacionadas à má alimentação.
A pesquisa destaca a importância de resgatar a cultura alimentar brasileira, promovendo alimentos que fazem parte da nossa biodiversidade, mas que, infelizmente, têm sido negligenciados. “A nossa alimentação está muito monótona. Conhecer esses alimentos é importante, inclusive para direcionar políticas públicas de valorização dessa cultura alimentar”, afirma o professor Eduardo Purgatto, orientador do estudo.
Além das questões nutricionais, o estudo também chama atenção para os desafios enfrentados pelos pequenos produtores. O escoamento dos produtos nativos é dificultado pela falta de demanda e pelo desconhecimento da população sobre esses alimentos. Pascoal e Purgatto apontam a necessidade de políticas públicas que incentivem a produção e a comercialização dessas frutas, para que os agricultores possam viabilizar a venda de produtos como a mama-cadela.
Como parte do seu trabalho, Pascoal está desenvolvendo a Tabela de Composição de Alimentos Regionais e da Biodiversidade Brasileira, que irá reunir informações sobre a composição nutricional de diversos alimentos nativos do Brasil, incluindo a mama-cadela. Este projeto visa dar maior visibilidade aos produtos da nossa biodiversidade e promover um uso mais consciente e saudável desses alimentos.
A mama-cadela, com seu sabor único e composição rica em nutrientes, surge como um exemplo de como a diversidade alimentar brasileira pode ser explorada para melhorar a saúde pública e resgatar saberes alimentares tradicionais. Com o estudo de Grazieli Pascoal, a expectativa é que a fruta ganhe reconhecimento e se torne uma aliada importante na busca por uma alimentação mais saudável e sustentável para o Brasil.
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