Sempre foram dois seios. Dita a anatomia feminina e masculina a duplicidade de certos órgãos e estruturas, um espelhamento corporal que faz as duas metades quase competirem entre si. No auge da disputa, a concorrência desleal pela supremacia das mãos quanto à preferência de uso direita ou esquerda, a escolha do lado favorito para domar e portar os utensílios, desde tempos idos, e o indivíduo segue destro ou canhoto, um olhar torto para o lado do engodo.
Sobre a cama ela se encontrava, distribuída ao centro dos lençóis vermelhos, uma janela para fazer a brisa soprar pesando os olhos discretos e sonolentos. Ele chegou, com seu lado predominante, queria lhe fazer frente, contudo o flanco esquerdo abordou. Olhou para as roupas, sorriu. Desabotoou metade da camisa dela, a metade contrária à direita. O olhar era de um desejo inteiro, ergueu o sutiã e beijou, o seio esquerdo acertou em cheio, o direito ficou no devaneio, a sua metade não sobreveio.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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