Óbito em obra da prefeitura gera questionamentos sobre manutenção de máquinas e uso de EPIs

No último sábado (09), um trabalhador que prestava serviços na obra asfáltica da Prefeitura de Ponta Grossa, entrou em óbito após ser atingido por uma peça metálica arrancada de uma das máquinas no momento em que um dos pneus estourou.

A morte do trabalhador Davi José da Silva Lima acendeu um alerta sobre os protocolos de segurança do trabalho e condições de manutenção dos maquinários utilizados nas obras da prefeitura. Davi veio a óbito após uma moto niveladora ter seu pneu estourado enquanto espalhava massa asfáltica de alta temperatura na rua Engenheiro Schamber, região central da cidade.
Relembre o caso:
[RELACIONADAS]

Leitores do Portal BnT Online questionaram sobre a manutenção dos maquinários utilizados pela empresa prestadora de serviço, contratada pela Prefeitura de Ponta Grossa. Imagens enviadas ao BnT geram dúvidas sobre as condições de conservação e manutenção dos equipamentos.

Em uma das imagens é possível observar um dos pneus de uma das máquinas, parcialmente deteriorado. Um leitor do Portal disse estar preocupado com a falta de manutenção dos equipamentos e fiscalização por parte da prefeitura.

“Infelizmente acidentes acontecem, eu vi o momento do acidente. Temos que prevenir outros acidentes e a empreiteira não está atenta com a conservação dos pneus, já a prefeitura como co-responsável deveria fiscalizar a situação nas obras”.

Trabalhadores das obras de pavimentação na região central da cidade de Ponta Grossa afirmaram que acidentes como o último sábado podem ser evitados caso os protocolos de segurança sejam seguidos, além das das condições dos maquinários, as obras não estariam sendo vistoriadas e haveriam falhas na questão de segurança dos trabalhadores com o uso de EPIs.

Com receio de represálias um trabalhador solicitou anonimato na publicação.

“Não tem fiscalização de um técnico de segurança do trabalho no local, e quando têm, quem deveria fiscalizar faz vistas grossas. Além da falta de manutenção, a patrola [motoniveladora] não é ideal para o trabalho com asfalto quente e sim para vias vicinais. Em um trabalho com asfalto quente a quase 200°C, a máquina inadequada e com pneus defeituosos podem ocasionar na explosão de pneus, assim como ocorreu. Para se ter uma ideia, nas condições que trabalhamos o pneu de uma máquina deve ser maciço e não inflável como é o de uma patrola. O acidente poderia ter sido evitado se as normas fossem seguidas, outros acidentes semelhantes podem ocorrer e não será um capacete frágil e um colete de plástico que irá proteger”, desabafou o trabalhador.

Após o acidente fatal, a motoniveladora foi retirada do local e nenhuma máquina da mesma categoria foi utilizada novamente nas obras de pavimentação asfáltica na região central da cidade.

Diante das afirmações o Portal BnT Online procurou a prefeitura de Ponta Grossa já na última segunda-feira (11), questionando sobre a responsabilidade da gestão municipal na morte do trabalhador e como a prefeitura fiscaliza a qualidade e condições de trabalhos terceirizados contratados pelo município.

Confira na íntegra a solicitação de informações realizada à prefeitura:
“Referente ao óbito do trabalhador em uma das obras na Rua Engenheiro Schamber.

1. Sendo uma empresa terceirizada pela Prefeitura, quais as responsabilidades do governo municipal com a morte do trabalhador e auxílio aos familiares?
2. Referente ao auxílio quais ações foram ou estão sendo tomadas pelo município?

3. Como está o andamento das investigações sobre as causas do acidente?
4. É verificada a qualidade dos maquinários e serviços contratados pela prefeitura?
5. Se sim, quais os resultados dos apontamentos anteriores ao início das obras e o parecer do técnico de segurança do responsável pela obra?”

Infelizmente mais uma vez a Assessoria de Imprensa da prefeitura de Ponta Grossa não retornou os questionamentos. Mais uma vez o Boca no Trombone em seu papel de servir a população e realizar pautas de interesse público, buscou posicionamento do Governo Municipal, o qual em um ato de omissão das informações e responsabilidades (assim como em outras solicitações sem retorno), não se posiciona para um veículo de comunicação que tem interesse real em jornalismo participativo, voltado para os interesses da sociedade.

Subscribe to Notifications