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A manhã de segunda-feira amanheceu mais silenciosa em Olarias. O surdo que tanto marcou o ritmo das rodas de samba, das festas e dos encontros de amigos silenciou para sempre. Tile partiu. O mestre do surdo, o goleiro que um dia defendeu o Olinda Esporte Clube com a garra de quem veste o coração na ponta das luvas, o pintor que dava cor às paredes e à vida, o amigo de todas as rodas, o vizinho querido, o parente sempre presente.
A notícia de sua partida correu pelas ruas do bairro como um eco distante de um batuque que se apaga. Os mais velhos recordam os tempos em que Tile vestia a camisa do Olinda Esporte Clube, defendendo com destreza o gol, dos tempos do infanto-juvenil ao amador. Nunca se afastou do time, mesmo depois de deixar os gramados. Onde houvesse jogo, lá estava ele, vibrando, sofrendo e comemorando cada gol como se fosse seu.
Mas se o futebol foi sua paixão, o samba era sua alma. Partido Alto, Pagode, batucada de quintal ou grande roda, tanto fazia. Se houvesse um tambor, um tantã, um pandeiro, lá estava ele, mestre do surdo, marcando o compasso e embalando os corações. Quem nunca viu Tile tocando, nunca soube o que era a batida perfeita. Ele não apenas dominava os instrumentos, ele conversava com eles, arrancava deles um som que falava mais que palavras.
Trabalhador incansável, Tile pintava paredes, consertava fios e encanamentos, fazia de tudo um pouco para levar a vida. Mas era na música e no futebol que sua alma encontrava morada. Sua ausência será sentida nos jogos da Liga Ponta-grossense, nos amistosos de domingo, nas resenhas de bar, nos aniversários regados a samba e nos encontros de amigos que sempre pediam: “Tile, puxa aquele surdo!”
Hoje, Olarias chora sua despedida. Deixa uma filha, sobrinhas, irmãos e irmãs, mas deixa também um legado de alegria, amizade e música. O surdo se cala, mas o ritmo de sua vida segue ressoando nos corações daqueles que tiveram a sorte de conhecê-lo.
Tile partiu aos 64 anos, mas seu compasso seguirá ecoando em cada batida que a vida nos der. Vai em paz, mestre do surdo. O samba hoje toca mais triste, mas amanhã, em tua homenagem, tocará mais forte.
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