A recente menção da Casa Branca ao etanol brasileiro como exemplo de falta de tratamento recíproco destaca a crescente atenção dos Estados Unidos ao biocombustível produzido no Brasil. Essa declaração provocou reações entre integrantes do governo brasileiro, que consideram a alusão surpreendente, mas ao mesmo tempo veem espaço para negociações sobre barreiras comerciais e tarifárias.
De acordo com relatos de fontes governamentais, essa surpresa é em parte decorrente do déficit na balança comercial entre os dois países. Apesar disso, já era esperado que o presidente Donald Trump intensificasse a pressão sobre o Brasil em relação ao etanol, um tema que há anos está nas pautas das discussões comerciais.
Produtores e fabricantes norte-americanos têm feito constantes apelos para que o Brasil reduza a tarifa de importação de 18% aplicada ao etanol dos Estados Unidos, além de reclamarem sobre o acesso restrito desse biocombustível no mercado brasileiro. A pressão se intensificou em fevereiro, quando Jamieson Greer, indicado por Trump como representante comercial dos EUA, mencionou que a tarifa sobre as exportações americanas de etanol para o Brasil era uma prioridade.
Após o anúncio das medidas de reciprocidade no dia 13, a Associação de Combustíveis Renováveis (RFA), que representa a indústria de etanol nos EUA, expressou agradecimento a Trump pela busca por uma relação comercial justa. O presidente da RFA, Geoff Cooper, destacou a injustiça da tarifa imposta pelo Brasil ao etanol americano, ressaltando que enquanto os Estados Unidos incentivam as importações do Brasil, barreiras tarifárias foram criadas para proteger a indústria local.
Os membros do governo brasileiro já tinham consciência do tema e estavam monitorando as possíveis repercussões. Embora as tarifas ainda não sejam aplicadas imediatamente — haverá um período de estudo de 180 dias — essa pausa é vista como uma oportunidade para dialogar com as autoridades americanas. A preocupação da indústria sucroenergética nacional aumentou, especialmente em relação à reciprocidade americana sobre o etanol de cana-de-açúcar.
Taxa restabelecida
O Brasil havia zerado a tarifa sobre o etanol importado durante o governo anterior em 2022, mas essa taxa foi restabelecida sob a gestão atual. O país agora busca contrapartidas dos Estados Unidos, como um aumento no acesso do açúcar brasileiro ao mercado americano, atualmente limitado por cotas anuais.
A indústria sucroenergética local solicita uma abordagem equilibrada ao tema, pois a entrada em maior volume de etanol americano poderia impactar negativamente as usinas, especialmente nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. No Brasil, o etanol é predominantemente produzido a partir da cana-de-açúcar, enquanto nos EUA utiliza-se milho como matéria-prima.
As trocas comerciais entre os dois países refletem uma disparidade significativa: em 2024, o Brasil exportou US$ 181 milhões em etanol para os EUA, tornando-se seu segundo maior destino; por outro lado, as exportações americanas para o Brasil totalizaram apenas US$ 50 milhões. Desde 2018, as exportações de etanol dos EUA para o Brasil despencaram devido às tarifas elevadas impostas pelo governo brasileiro.
Em resposta ao novo cenário comercial proposto pelos EUA, entidades representativas do setor no Brasil expressaram sua preocupação. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e a Bioenergia Brasil esperam que os estados americanos e a indústria local se mobilizem contra esse retrocesso nas relações comerciais que poderiam impactar negativamente tanto a economia quanto os esforços globais contra as mudanças climáticas. As organizações lamentaram a inclusão do etanol no Memorando de Tarifas Recíprocas anunciado por Trump e enfatizaram que essa ação ignora as diferenças ambientais significativas entre os biocombustíveis produzidos nos dois países.
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