Vestiu seu vestido azul. Não era o céu, porém vesti-lo levava diretamente até lá. E a noite durou uma vida inteira dentro daquele vestido azul e quando a madrugada chegou lá estava ela em sua vida vestida de azul. Deitou-se e só tirou os sapatos, um sono em sonhos tingidos de azul. Permaneceu em casa em seu vestido azul.
No outro dia havia trabalho na loja e lá estava ela em seu vestido azul. As pessoas olhavam, era tão festivo e sublime para uma segunda-feira mal começando. Os últimos raios de sol assistiram seu encerramento de expediente em traje de gala azul. Aquela nunca foi sua cor preferida, contudo, agora, era uma decisão de vida e de morte, também poderia ser enterrada com ele.
Vieram o verão e as férias e ela seguiu naquele vestido azul, assim também foi para o parque e nas feiras de verduras nas quartas-feiras. Também estava com ele nas reuniões do condomínio e em todas as compras no supermercado. Nunca mais ela tirou aquele vestido.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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