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Violência escolar pode ser sanada com resolução de conflitos

Violência escolar pode ser sanada com resolução de conflitos
Violência escolar pode ser sanada com resolução de conflitos
Estudo mostra que 11% dos estudantes do país já tiveram experiência de violência no ambiente escolar, mas gestão preventiva pode reduzir números

Uma pesquisa elaborada pelo Instituto de Pesquisa DataSenado, em 2023, mostrou que o ambiente escolar é um ambiente onde ocorrem certos tipos de violência. O estudo estima que, dos 59,8 milhões de estudantes brasileiros, 6,7 milhões – cerca de 11% do total – já passaram por alguma experiência de violência na escola.

Segundo uma estimativa da própria pesquisa, dois em cada dez brasileiros enfrentaram problemas relacionados a violência no contexto escolar. Além disso, 36% dos entrevistados disseram já ter sofrido bullying no ambiente escolar, ao passo que 11% admitiram já ter praticado perseguição a algum colega. A maioria foi praticada pelos meninos.

“Não é de se espantar que a parcela de pessoas que se disseram vítimas de bullying seja maior do que a de quem admite ter praticado algum tipo de perseguição”, analisa Camila Pereira Linhares, CEO da Unniversa Soluções de Conflitos, empresa especializada em mediações, diálogo e cultura da paz. “O problema é que nem sempre esse tipo de rivalidade no ambiente escolar é tratado na perspectiva de uma solução. A vítima tende a resolver de outras formas: trocando de escola, aceitando a condição de violência e até mesmo submetendo-se a uma depressão grave”, alerta.

Jéssica Gonçalves, que também tem experiência em mediações de conflitos, concorda. A especialista defende que as relações de violência no convívio escolar podem ser resolvidas de forma pacífica, por meio de práticas restaurativas que tragam o foco para as famílias dos envolvidos e para a própria capacidade humana de enfrentar seus desafios.

“As práticas restaurativas se apresentam como um novo paradigma de resolução de conflitos e prevenção à violência e à criminalidade na vida escolar. A ideia é propor que todas as pessoas afetadas por um ato violento, sejam os próprios autores, a vítima, os familiares e a comunidade, dialoguem para transformar situações conflitivas em relações de cooperação e construção de resultados diferentes”, defende.

Educação transformadora

Para Camila Linhares, a resolução precisa incorporar motivações que vão para além das diferenças entres as partes envolvidas no conflito. A ideia é promover uma conversão absoluta do agente do bullying, de modo a exterminar um foco de violência na escola. Ela conta que a mediação de conflitos tem, inclusive, surpreendido pessoas que não acreditam na mudança de comportamento. 

“É possível transformar um jovem que pratica violência. Uma educação transformadora é capaz de ajudar crianças e adolescentes a desenvolverem habilidades socioemocionais e a superarem seus próprios desafios e limitações de maneira saudável e equilibrada. A mediação de conflitos vem alcançando isso”, finaliza.


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