O estado do Rio de Janeiro registrou, nas três primeiras semanas de 2024, 9.963 notificações de possíveis casos de dengue, o que representa um aumento de 587% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados do Centro de Inteligência em Saúde (CIS) do governo estadual fluminense. Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, decretou, na segunda-feira (5), estado de emergência na saúde pública, devido à declarada epidemia de dengue que afeta a região. Neste ano, já se somam mais de 10 mil ocorrências da enfermidade, número que alcança quase a metade do total de 22.959 casos registrados ao longo de todo o ano de 2023 na capital.
Dia 26 de janeiro, Cláudio Castro, governador e Claudia Mello, da Secretaria de Estado da Saúde (SES), apresentaram o Plano Estadual de Combate à Dengue, organizando ações diárias de combate à doença a partir do uso de tecnologia, qualificação e apoio aos 92 municípios do estado. O investimento, que alcança R$ 3,7 milhões, contempla a aquisição de equipamentos e insumos para montagem de 80 salas de hidratação que deverão atender até oito mil pacientes por dia.
Ao analisar os possíveis motivos de, mesmo após anos de campanha, os casos apresentarem um crescimento agudo, a Dra. Isabella Ballalai, diretora médica da Urgências Médico Escolares – URMES, afirma que eliminar o mosquito que transmite a dengue, o Aedes aegypti, sempre foi e ainda é um grande desafio mundial, principalmente em cidades grandes. “A dengue é hoje uma doença urbana que se transmite com facilidade, diferentemente do que muitos entendem, não nas matas, mas principalmente dentro de casa”, alerta a especialista.
Vacinação
De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o Ministério da Saúde definirá, a partir de fevereiro, o calendário de vacinação contra a dengue. Por determinação do governo, a imunização deve começar por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, em municípios selecionados. A vacina atual já aprovada, Qdenga, é da farmacêutica Takeda, havendo também outra vacina candidata, fabricada pelo Instituto Butantan, que recentemente publicou resultados de pesquisas de fase 3, segundo a ministra Trindade.
“A forma mais efetiva de prevenção é a vacinação. No entanto, é importante entender que o principal objetivo da vacina é o de prevenir formas graves, hospitalizações e óbitos relacionados à dengue. Ela também é capaz de evitar que o indivíduo se infecte, mas, essa eficácia não é de 100%”, aponta a Dra. Ballalai, salientando ainda que “as medidas antigas de controle do mosquito devem ser mantidas, incluindo o hábito de usar repelentes”.
Isabella Ballalai conta que a vacina Qdenga foi licenciada em boa parte do mundo, inclusive no Brasil para pessoas de 4 a 60 anos de idade. “Somos o primeiro país a fazer uma campanha de saúde pública para a vacinação do grupo considerado de maior risco de hospitalização: adolescentes de 10 a 14 anos”, diz.
A diretora médica da URMES completa informando que “a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira Imunizações (SBIm) recomendam a vacinação de todos na faixa etária de licenciamento, o que, na rede pública, ainda não é possível, devido ao número de doses da vacina disponíveis no mercado internacional”.
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