Uma missa em ação de graças na última sexta-feira (3) lembrou os 60 anos do padre Nelson Frederico Schiel à frente da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Ipiranga. A matriz estava lotada de paroquianos, entre os quais muitos integrantes do Apostolado da Oração. Concelebraram com padre Nelson, seu vigário, padre Martinho Hartmann, e o diácono Mário César Cequinel. Um dos párocos mais longevos do Paraná e do Brasil na administração de uma mesma comunidade, padre Nelson conviveu com todos os cinco bispos da Diocese de Ponta Grossa.
Ordenado por Dom Antônio Mazzarotto, padre Nelson diz que não tem queixa do bispo. “Ele me disse que me daria a melhor paróquia da Diocese. Quando falei que não conhecia, não tinha carro e perguntei o que faria na paróquia, ele me disse: ‘você foi feito padre para isso. Aguente!’. Cheguei aqui, o caixa zerado….mas, fico contente por ter vindo”, garante o pároco. “O povo estava meio receoso. Mas, fui, aos poucos despertando confiança das pessoas. Eu ia de carroça, ia de carro. Uma das capelas ficava a 42 quilômetros, de estrada de chão e muito mato. Não era fácil. Mas, graças a Deus, a gente venceu e eu gosto de me lembrar porque me animo cada vez mais”, relembra.
“Foi difícil chegar, assim, sem referência alguma da paróquia, encontrar ‘tudo’ zerado. Perguntei o que queriam que fizesse, o que precisavam. Contei que iria fazer o que já fizera por cinco anos na Catedral e morava no seminário, em Ponta Grossa. Foi uma graça de Deus tudo o que aconteceu nesses 60 anos, uma transformação”, destaca o pároco. Ao falar do início de sua vida como sacerdote, padre Nelson citou a mãe. “Uma mãe preciosa eu tinha. Ela sabia guardar os segredos da paróquia, de padre. Só me deu coragem. Um dia, eu fiz um batizado, com tudo explicado por mim porque era em latim, ela ficou atrás da porta. Depois, me disse que nunca tinha visto um batizado daquele jeito. Sabe por que se escondeu atrás da porta? Para que eu pudesse ser espontâneo. ‘Tudo’ foi ela. Nasci no dia primeiro de julho de 1932 e no dia nove já era um cristão (batizado). Sem curso, sem nada. Como ela sabia que era preciso batizar a criança, um presente de Deus? Coisa que, infelizmente hoje, não é mais assim”.
Agda Bobato Regailo conhece padre Nelson desde que ele chegou na paróquia. Ela tinha nove anos, morava no interior, em Capivari, frequentava a Capela de Santo Antão, e, quando o padre começou uma campanha para comprar o primeiro carro, ele teria batizado um sobrinho dela, em uma de suas visitas. “Foi muito amigo do meu pai, da minha mãe, dos meus tios. Ficava na casa do meu tio quando ia para o interior”, conta, citando que foi coordenadora de Liturgia por 26 anos, na matriz. “Eu e meu marido somos ministros hoje. Participo da vida dele direto. Não celebrou meu casamento porque me casei em Ponta Grossa. Mas, batizou, fez primeira eucaristia, crisma dos meus filhos todos, aqui, e sempre participou com a gente de Natal, Ano Novo. Padre Nelson é um santo. Nunca mudou a atitude dele. Sério, honesto, brincalhão, mas, sempre com aquela firmeza na parte espiritual. Confessionário todo dia, Santa Missa todos os dias. Não se pode dizer que tirava férias. Quando era mais novo, saía três ou quatro dias, mas no final de semana, estava aqui para celebrar”, enaltece a paroquiana.
Amanhã (4), às 18h30, uma celebração festiva, também na matriz, vai marcar os 60 anos de paroquiato, desta vez, com convidados e a grande maioria dos paroquianos. “É uma época difícil. Muitos estão cuidando das estufas e está caro o combustível para ficar vindo para a cidade, mas eu espero que quem puder vir, que venha”, convida padre Nelson.
O vigário padre Martinho afirma que a intenção da missa deste sábado é facilitar a presença das pessoas das comunidades. “Hoje é um dia muito especial. Dia de louvar pelas vocações, em especial, pela vocação do padre Nelson que tão bem vem conduzindo o Povo de Deus no caminho de Jesus. Rogamos que Deus e Nossa Senhora da Conceição continuem abençoando nosso pároco e seu ministério”, comenta padre Martinho.