Brasil

Aliados do PT são contratados em convênio da Usina de Itaipu

itaipu4 Boca no Trombone itaipu4
Divulgação
Itaipu sob suspeita: desvios políticos e milionários investimentos geram polêmica sobre gestão pública e transparência.

A usina hidrelétrica de Itaipu, que é uma das maiores do mundo, tem sido alvo de críticas e suspeitas sobre a utilização de recursos públicos para fins políticos. Pelo menos cinco pessoas com vínculos com o Partido dos Trabalhadores (PT) foram selecionadas para coordenar um programa da usina, que prevê investimentos na ordem de R$ 76,5 milhões até 2027. Cada um desses coordenadores recebe uma remuneração mensal de R$ 20 mil.

A percepção entre observadores e especialistas que acompanham a rotina da hidrelétrica é de que o dinheiro proveniente da conta de luz dos consumidores está sendo desviado para favorecer interesses partidários. A administração da usina, no entanto, refuta essas alegações com firmeza. Atualmente, Enio Verri ocupa o cargo de diretor-geral da Itaipu, tendo renunciado ao seu mandato como deputado federal pelo PT para assumir a liderança da estatal.

Documentos acessados pela reportagem revelam que um dos convênios mais controversos é o denominado “Governança Participativa para a Sustentabilidade – Itaipu Mais que Energia”, que se destaca por seu escopo ambicioso e por ser considerado uma plataforma central na gestão atual da usina. O programa foi lançado em 2023 e tem como objetivo replicar suas metodologias em outras instituições do estado, reforçando a imagem da gestão como uma grande campanha publicitária.

O convênio divide a área de atuação da Itaipu em 21 núcleos de cooperação socioambiental, cada um sob a supervisão de coordenadores regionais, entre os quais se encontram indivíduos com históricos profissionais próximos ao PT. Dentre eles está Bruno Goretti Tresse, ex-assessor do deputado estadual Arilson Chiorato, presidente do PT no Paraná. Outro nome relevante é o de Arieto Conceição Alves, que atuou como vereador e deputado federal.

Outros coordenadores incluem Rosselane Liz Giordani, que deixou sua posição como secretária de Cultura em Toledo para assumir uma função na coordenação; Élio Marques, ex-assessor parlamentar de Enio Verri; e Florisvaldo Raimundo de Souza, conhecido como Floris do PT. A reportagem fez tentativas de contato com os envolvidos, mas apenas Élio Marques comentou sua função, afirmando ter atuado por pouco tempo e negando vínculos formais com a Itaipu.

O convênio também é monitorado por Silvana Vitorassi, assessora da diretoria da usina e amiga próxima da primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja. Vitorassi tem sido vista frequentemente em Brasília e é reconhecida por seu papel próximo à primeira-dama durante eventos oficiais.

O Parquetec, uma organização sem fins lucrativos que formalmente gerencia o convênio, é presidido por Eduardo de Miranda, ex-chefe de gabinete do deputado Chiorato. Apesar de sua natureza privada e independente, críticos apontam que sua direção é nomeada pela própria Itaipu, o que suscita questionamentos sobre a integridade desse modelo.

Em termos financeiros, os dados mostram que cerca de 60% do orçamento destinado aos convênios envolve pagamentos para pessoal e serviços externos. O projeto inclui diversas atividades educativas voltadas para representantes de instituições públicas e privadas na região atendida pela Itaipu.

A expansão das áreas atendidas pelo programa também é notável: o alcance passou de 55 municípios para 434 cidades nas regiões do Paraná e sul de Mato Grosso do Sul. Essa ampliação tem gerado discussões sobre a alocação dos recursos oriundos das tarifas cobradas aos consumidores nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.

Em resposta às acusações levantadas pela reportagem, tanto Itaipu quanto Parquetec afirmaram que os coordenadores foram escolhidos por meio de uma instituição especializada e possuem qualificações técnicas adequadas para suas funções. No entanto, a falta de transparência nas contratações e nos gastos continua a alimentar um clima de desconfiança sobre o uso dos recursos públicos destinados à hidrelétrica.

Por fim, os deputados envolvidos ressaltaram as capacidades técnicas dos coordenadores selecionados, defendendo suas escolhas baseadas em experiência profissional e formação acadêmica adequada. Contudo, as controvérsias sobre a relação entre política e gestão na usina seguem sem resolução clara.

BNT Vídeos

Quer receber as Newsletter BnT?

Cadastre-se e receba, um email exclusivo com as principais noticias produzidas pela equipe do Portal Boca no Trombone

google-news-banner Boca no Trombone
botao-grupo-whatsapp Boca no Trombone

Google News

Web Stories

Operação da PRF resulta em apreensão de 11,9 toneladas de drogas na fronteira Motorista se joga de caminhão em chamas para se salvar Previsão do tempo para quinta-feira (06/02) Alagamento na Avenida Dom Geraldo Pellanda em PG Previsão do tempo para terça-feira (28/01) Tentativa de roubo no Centro de PG Previsão de hoje (24)