Política

Deputada Mabel Canto realiza audiência pública sobre violência obstétrica

A violência obstétrica é praticada por meio do desrespeito, abusos e maus tratos durante a gestação e no momento do parto, de forma psicológica, física e sexual
 [RELACIONADAS]Nesta segunda-feira (14), a Deputada Mabel Canto (PSC) realizou Audiência Pública sobre Violência Obstétrica na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (ALEP-PR), com o objetivo de dialogar e debater o assunto com a participação de profissionais da saúde, mulheres que sofreram violência durante o parto, além de outros convidados. A audiência também teve como proponentes a Deputada Cristina Silvestri (CND) e o Deputado Goura (PDT).
A violência obstétrica é um dos vários tipos de violência contra a mulher. Ela é praticada não somente por profissionais de saúde, mas pelo sistema como um todo, como por exemplo, quando o Poder Público deixa de prover as consultas e os exames necessários durante a gestação, não cumprindo com os direitos garantidos por lei.
Segundo Mabel Canto, proponente da Audiência Pública sobre Violência Obstétrica, essa é uma temática que precisa ser tratada de forma urgente. A deputada reforça que muitos dos casos de violência obstétrica acontecem pela falta de informação das gestantes sobre seus direitos e também sobre as condutas que podem ou não ser realizadas. “Estamos no mês da mulher [março], e nele estamos propondo o debate deste tema tão importante que é a violência obstétrica nos hospitais e maternidades aqui no Estado do Paraná. Eu tenho me dedicado desde o início do mandato na causa das gestantes e, nos últimos meses, temos recebido muitas denúncias e relatos de violência obstétrica”, disse.
Mabel ainda relatou o caso da fila de espera para realizar a ultrassom obstétrica em Ponta Grossa, onde existem 935 gestantes aguardando pelo exame. “Esse serviço tão importante chegou a ser interrompido por dois meses no ano passado [2021], porque a prefeitura não tinha renovado o contrato com a empresa que realizava esses ultrassons aqui no município”, disse.
 [RELACIONADAS]Caso Shantal
A Deputada Mabel Canto (PSC), trouxe à audiência o caso da influenciadora digital Shantal Verdelho, que denunciou ter sofrido violência obstétrica durante seu parto realizado pelo médico Renato Kalil em reportagem ao Fantástico da TV Globo. Kalil é investigado por supostos abusos durante o parto da influenciadora.
Áudios vazados em grupos de redes sociais expõem xingamentos feitos pelo obstetra à paciente. “Ele me xingou o tempo inteiro. É muito palavrão e xingamento o tempo inteiro”, disse a influencer. Na sala de parto, Kalil tomava atitudes grosseiras. “Mas empurra a p… Mas faz a p… da força”, dizia. Shantal o respondia. “Eu estou fazendo [força]. Eu sou a maior interessada nisso”, rebatia.
O médico ainda é acusado de ter pressionado Shantal a realizar a episiotomia – incisão efetuada na região do períneo para ampliar o canal de parto. Em conversa com o marido de Shantal, Kalil mostra a vagina da digital influencer. “Olha aqui, toda arrebentada [vagina]. Vai ter que dar um monte de ponto aqui”, falou.
Mabel conta que casos como esse chegaram ao seu conhecimento. “Recentemente recebemos denúncias de violência obstétrica no Hospital Regional de Paranaguá, em dezembro, inclusive, o bebê de uma gestante veio a óbito depois de esperar muito pelo parto e ter passado pelo fórceps”, disse.
Para a Presidente da Procuradoria da Mulher da ALEP-PR, Deputada Cristina Silvestri (CND), falar sobre violência obstétrica mostra a importância de se ter mulheres no parlamento para discutir este assunto. “Só uma mulher para compreender e entender o que uma mulher passa nessa hora que é uma das mais importantes da vida”, disse. Cristina que também é proponente da audiência, aponta que 23% das denúncias que chegam a procuradoria, são de mulheres que sofreram violência obstétrica durante o parto.
 [RELACIONADAS]O Deputado Goura (PDT), que soma na proposição da audiência pública, disse que esta luta deve ser adquirida por todos os homens. “Se nós homens não nos conscientizarmos da importância desta luta e de um empenho ativo no combate à violência de todas as formas, em especial aqui, na violência obstétrica, na construção de uma cultura da humanização do parto […] a gente vai prorrogar esse cenário de tristeza”, ressalta.

Autoridades e especialistas
O Médico Obstetra, Orlando Silveira Barreto Neto, que atua há mais de 20 anos na área, explica que a violência obstétrica não é feita apenas pelo profissional médico, mas pode acontecer por meio de outros profissionais múltiplos que atuam no momento do parto.
Segundo Orlando, isso acontece devido à desinformação dos profissionais em relação ao direito que a gestante tem. “Eu sou o médico mais rosa que conheço. Eu brigo e luto pelos direitos da mulher. Eu sou pai, sou marido e tive a oportunidade de trazer ao mundo minhas duas filhas […] foram momentos completamente diferentes, e pelo relato da mãe, eu pude notar como a gente falha e causa traumas que nunca mais serão revertidos”, desabafou.
A convite da Deputada Mabel Canto, também participaram da Audiência Pública sobre Violência Obstétrica, a Doula e Vice-presidente da Associação de Doula de Curitiba e Região Metropolitana, Patricia Teixeira, a Defensora Pública e Coordenadora do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher, Mariana Martins Nunes, a representante da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero da OAB/PR (CEVIGE), Deisy Joppert, o Advogado e representante da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviço de Saúde no Estado do Paraná (FEHOSPAR), Dr. Phillipe Fabricio de Mello, a Mestre em Educação pela UNIOESTE, Mara Lúcia Fornazari Urbano da Silva e a Presidente da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (SECCIONAL PR), Marcelexandra Rabelo.


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