O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) desempenha um papel essencial no socorro a vítimas de acidentes e emergências médicas. No entanto, a definição do hospital para onde cada paciente é encaminhado ainda gera dúvidas. Questões como quem toma essa decisão e quais protocolos são seguidos em situações com múltiplas vítimas em uma tragédia fazem parte dos desafios diários enfrentados pelas equipes de resgate.
Entender os bastidores desse processo é fundamental para compreender a complexidade e a eficiência do atendimento de urgência. Rodrigo Lagos, Coordenador Médico da Central de Regulação da SMB Gestão em Saúde, operadora do CIMSamu (Consórcio Intermunicipal SAMU Campos Gerais) esclarece as principais dúvidas.
Como o SAMU decide para qual hospital levar o paciente?
O destino de cada paciente não é uma escolha aleatória. O SAMU segue protocolos definidos previamente entre as regionais de saúde e os hospitais, levando em consideração especialidades, estrutura e disponibilidade. O objetivo é garantir que cada paciente receba o atendimento mais adequado à sua condição clínica.
Para casos de menor complexidade, como urgências simples, o fluxo normalmente encaminha o paciente para UPAs e prontos atendimentos municipais. Já situações mais graves exigem uma regulação específica para garantir o atendimento imediato no hospital certo.
Quem toma a decisão final?
A decisão sobre o hospital de destino não é feita pela equipe da ambulância, mas pela Central de Regulação. Os profissionais em campo repassam todas as informações sobre o quadro do paciente – sinais vitais, gravidade e necessidade de especialidades médicas – e a Central define para onde ele será enviado. Isso evita superlotações e garante que o paciente esteja no lugar certo.
O que pesa na escolha do hospital?
A proximidade é um critério importante, mas não o único. A decisão leva em conta a gravidade do quadro, a necessidade de uma especialidade específica e até a condição do paciente para suportar o transporte. Em alguns casos, o paciente pode ser levado primeiro para um pronto atendimento de menor complexidade para estabilização antes de seguir para um hospital de referência.
E quando há múltiplas vítimas?
Em acidentes com muitas vítimas, a Central de Regulação age estrategicamente para distribuir os pacientes entre os hospitais de forma a evitar sobrecarga. Se houver vítimas com diferentes necessidades – cirurgia geral, ortopedia, neurocirurgia –, elas são encaminhadas para os hospitais com essas especialidades, garantindo um atendimento mais eficiente.
O paciente pode recusar o hospital indicado?
Sim, mas é um direito com ressalvas. Se o paciente está consciente e em condições de decidir, pode se recusar a ir para um hospital específico. No entanto, a equipe do SAMU sempre explica os riscos dessa decisão e busca um convencimento baseado no melhor atendimento possível. Se a recusa persistir, um termo de responsabilidade é assinado.
Quais são os desafios atuais do SAMU?
O SAMU enfrenta desafios constantes, como a superlotação dos hospitais, que pode dificultar a regulação dos pacientes. Além disso, a conscientização da população sobre o real papel do SAMU é essencial para evitar chamadas indevidas e otimizar o serviço.
Existe um tempo médio esperado para chegar ao hospital?
Não há um tempo padrão, pois cada atendimento é único. O primeiro passo é sempre garantir que o paciente receba o melhor atendimento possível no local. Em casos cirúrgicos urgentes, o tempo de deslocamento precisa ser minimizado, mas a segurança do transporte é sempre a prioridade.
O SAMU é um serviço vital e muitas vezes a diferença entre a vida e a morte. Compreender como ele opera pode ajudar a sociedade a valorizá-lo ainda mais. Se precisar, ligue 192.
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