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Família é denunciada por trabalho análogo à escravidão em PG

Através de uma série de denúncias feitas pela comunidade, a equipe do portal Boca no Trombone teve conhecimento, recentemente, de uma situação de trabalho análogo à escravidão em Ponta Grossa.

A vítima é a senhora Nilza Soares, atualmente com 54 anos. Por mais de 35 anos anos, ela trabalhou na casa de uma família em Ponta Grossa, como doméstica e cuidadora de idosa, sem receber remuneração fixa, ter direito a férias, 13º salário ou ainda direitos básicos, como acesso à educação. Natural da cidade de Roncador, no interior do Paraná, recém órfã de mãe e com quase uma dezena de irmãos, Nilza foi trazida a Ponta Grossa ainda antes de completar os 18 anos, com a promessa de emprego garantido.

Até hoje, no entanto, ela não sabe ler nem escrever, tem déficit de intelecto mental não sabe o que é dinheiro, não sabe fazer contas e não conhece seus direitos, o que a deixou à mercê das ordens da família. Com a ajuda de amigos da vizinha, Nilza chegou até a advogada Francielle Alberti, que encampou a causa e levou a denúncia ao conhecimento dos órgãos competentes.

Maus tratos e agressão

A advogada confirmou que já existem outras denúncias da situação junto ao Ministério do Trabalho e também existem relatórios de acompanhando de órgãos sociais, como o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Em todos os casos, com a confirmação de indícios de trabalho análogo à escravidão.

Segundo informações reveladas pela advogada da vítima, a idosa que morava na casa e era cuidada por Nilza adoeceu recentemente e após isso, a família intensificou as ameaças contra a trabalhadora, dizendo que iriam expulsá-la da casa onde ela viveu e trabalhou por mais de três décadas.

A família, acusada de coagir Nilza, chegou a recorrer à polícia, alegando que a trabalhadora teria invadido a própria casa onde morava e vivia para servi-los. Segundo relatos de vizinhos e outras testemunhas, uma das integrantes da família, que é neta da idosa que Nilza cuidava, a agrediu verbalmente na rua. Depois, dentro da casa, teria partido para a agressão física, empurrando a trabalhadora e jogando sua cabeça contra a parede. Por coincidência, a neta é servidora pública vinculada à Secretaria da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos do Paraná, lotada no Centro de Socioeducação Regional de Ponta Grossa.

Alberti explicou como tudo aconteceu. Confira abaixo:

O portal Boca no Trombone tentou contato com os integrantes da família acusada e com um advogado que foi indicado por eles para tentar intermediar um “acordo” com a trabalhadora. Porém, até a publicação dessa notícia, não recebemos retorno. Assim que informados sobre o conteúdo da reportagem, tanto os familiares como o advogado bloquearam as ligações e contatos telefônicos da equipe do Portal BnT.

Irmã denunciou caso à polícia
De acordo com o boletim de ocorrência registrado em nome da irmã da vítima, após Nilza ter saído de Roncador, sua família sempre tentou descobrir o paradeiro dela, mas nunca conseguiram, já que haviam perdido contato. Neste ano, Marilza Soares, irmã de Nilza, descobriu onde ela morava e ao procurá-la, soube também que ela estava em situação de maus tratos.

No boletim de ocorrência, Marilza afirma “Minha irmã trabalhava na casa deles e não recebia pagamentos, precisava trabalhar no período da manhã para outras pessoas para poder pagar o seu próprio INSS e seus pertences pessoais, mas após o meio dia ela voltava para a casa dos parentes para cuidar de uma idosa”, disse no depoimento à polícia.

Após a apresentação das denúncias, Nilza foi morar em São Paulo com sua irmã Marilza, que a acolheu para garantir sua assistência, já que ela não tem condições de morar e se sustentar sozinha em Ponta Grossa. A advogada Francielle comenta que a Justiça concedeu uma medida protetiva em favor de Nilza, contra três dos integrantes da família.

Confira abaixo:

O caso está sendo acompanhado pelas autoridades locais e pelo Ministério Público. Em breve, mais informações.

Leia também: Projeto de Lei quer exigir exames toxicológicos de vereadores em Ponta Grossa

Lucas Portela

Lucas é jornalista formado em Bacharel pelo Centro Universitário Santa Amélia (UniSecal) de Ponta Grossa. Graduado desde 2021, possui experiência com redação em portais de notícia, trabalhou nos bastidores de uma emissora de TV local, se aventurou como produtor audiovisual em uma agência de publicidade, já estagiou como assessor de imprensa na Secretaria Municipal de Educação de Ponta Grossa e atualmente exerce o cargo de jornalista redator no portal Boca no Trombone.

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