Tinha um brilho fraco, uma luz tão tênue. O medo de que aquela sutil emanação se apagasse, se extinguisse. O que fora feito para acalentar e alumiar agora suscitava um aterrador desespero que se esvaísse por completo. Em cima do aparador, aquela vela ocupava um mísero espaço, singelamente esquivando-se das atenções principais. Entretanto, não há como se mostrar secundária, uma fonte de luz é sempre um ponto natural de atenção.
Os olhos estavam desesperadamente fixos nela. Uma leve rajada de vento no ar poderia apagá-la. No desespero das preces silenciosas a serem proferidas, vê-la viva era indício de atendimento, bom agouro, de que a súplica encontrara eco. Quem ouviria? Algum ser delicado, com asas amorosamente posicionadas. O temor aumenta, a angústia toma conta do corpo, dos pensamentos, das batidas no peito que se aceleram, nas lembranças do que foi mal sucedido, do que não foi atendido. Uma pequena vela, uma sofreguidão quando o que resta é o último pedido.
Autoria: Renata Regis Florisbelo