Projeto rejeitado gera discussão na Câmara de Ponta Grossa: “Votação homofóbica”

A reprovação de um projeto de Lei que daria o título de utilidade pública municipal à ‘Associação Flor de Lis LGBT’ gerou discussão na Câmara de Vereadores de Ponta Grossa. O caso aconteceu na tarde desta quarta-feira (10).

A proposta de Lei nº 106/2024, enviada pela vereadora Josi do Coletivo (PT), pretendia dar o título à associação, que atende pessoas LGBTQIAP+ em situações de vulnerabilidade. No entanto, o projeto foi reprovado por 9 votos contrários a 8.

Ao final da sessão, Josi se revoltou com a votação. “Lamento a votação homofóbica que acompanhamos nesta Casa de Leis. Não há outra explicação. Quantos homossexuais deixaram de morrer ou se matar por conta desta associação. Eu estou indignada, chocada e horrorizada”, criticou. “Não é porque você é cristão que você tem que ser contra os LGBTs. Cristo é amor e quem é contra qualquer pessoa por conta de gênero, não pode se dizer cristão”, disse a parlamentar.

O vereador Daniel Milla (PSD) e Missionária Adriana (PL) justificaram o voto, alegando o inciso IV do estatuto da Associação, que reivindica educação sexual nas escolas públicas de Ponta Grossa, de forma ‘livre de qualquer preconceito e discriminação’. “Eu nunca fui homofóbico. Meu voto foi contra a proposta de educação sexual nas escolas, que está no estatuto da entidade. Se eu como político eleito não posso me posicionar contra o que eu acho certo ou não, eu não preciso do meu mandato”, rebateu Milla, que ameaçou tomar medidas contra a fala da parlamentar.

O vereador Dr. Erick (PV) e Ede Pimentel (PDT) também saíram em defesa do projeto, apontando que quase nunca são reprovados os títulos de utilidade pública na Câmara Municipal. “Eu estou horrorizado com esta votação”, comentou Erick.

Anteriormente a sessão, o projeto foi aprovado por unânimidade em todas as Comissões da Casa, conforme o regimento interno. A Associação Flor de Lis LGBT, que havia sido contemplada com uma moção de aplauso há algumas semanas pela Câmara, ainda não se posicionou sobre.

Votaram contra a proposta: Daniel Milla e Maurício Silva (PSD); Izaias Salustiano e Missionária Adriana (PL), Leandro Bianco (Republicanos); Divo, Dr. Zeca e Léo Farmacêutico (União), além de Júlio Kuller (MDB).

Votaram a favor: Celso Cieslak (DC), Dr. Erick e Geraldo Stocco (PV), Ede Pimentel e Jairton da Farmácia (PDT), Joce Canto (PP), Paulo Balansin (União) e Josi do Coletivo (PT).

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