Uma reverência, duas reverências, três reverências e lá eram entregues as dúzias de ovos compradas. As galinhas criadas no fundo de casa. Um cercado grande e confortável. A comida provida com as sobras da alimentação da família e cascas, milhos aqui e ali. No final do dia, na penumbra, elas se recolhiam empoleiradas na casinhola de madeira, seu lar. Nas manhãs, a visita para colher os ovos. Depois de lavados, secados e armazenados, a disponibilização para aquisição. Além do consumo da família sobravam algumas dúzias para os interessados em ovos frescos de galinhas naturalmente caipiras. Então vinha aos sábados o simpático senhor a comprar ovos, jamais sem antes decretar:
Muito obrigado, muito obrigado, muito obrigado!
Uma reverência, duas reverências, três reverências. Era preciso agradecer, às galinhas, à mulher, ao alimento, ao Universo. Com menos de três “muito obrigado” e de três reverências não era de verdade ato de agradecer.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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