Na última quinta-feira (17), a Prefeitura de Ponta Grossa se reuniu com pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que apresentaram um relatório de um mapeamento dos impactos da pandemia da covid-19 na segurança alimentar da população mais vulnerável do município. O estudo realizado entre os meses de dezembro de 2021 e fevereiro de 2022 foi conduzido pelo Núcleo de Pesquisa “Questão ambiental, gênero e condição de pobreza”, do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas, da UEPG, com coparticipação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e com o apoio dos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), vinculados na Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa (FASPG). [RELACIONADAS]
A professora Augusta Pelinski Raiher explica que a iniciativa buscou identificar o percentual de famílias atendidas pelos CRAS com o benefício eventual de auxílio-alimentação que estavam na insegurança alimentar antes e durante a pandemia, bem como, analisar as características das famílias que entraram em situação de Insegurança Alimentar durante a pandemia e as que já estavam antes da crise. “Com isso, avaliamos o consumo alimentar da população estudada e investigamos a importância das doações e dos programas sociais na mitigação da pobreza. Foi aplicado um questionário para 302 famílias, as quais representaram os 5.305 domicílios atendidos com o benefício eventual de auxílio-alimentação”, relatou a pesquisadora.
O estudo identificou uma alta vulnerabilidade social destas famílias entrevistadas, de modo que 94% estavam na condição de pobreza e 76% na extrema pobreza. Também foi observado um processo de feminização desta pobreza, tendo em vista que de todos os domicílios chefiados por mulheres, 95% estavam na condição de pobreza e 78% na extrema pobreza, contra 85% e 56%, respectivamente, dos domicílios cujos responsáveis eram os homens. Além disso, em 65% dos domicílios pelo menos um dos membros estava desempregado. O estudo registra ainda que 37% do desemprego foram ocasionados após a pandemia e que 67% dos domicílios estudados foram impactados em virtude da pandemia.
Representando a prefeita Elizabeth Schmidt, o chefe de gabinete Edgar Hampf comenta que de 2020 para 2021, a Prefeitura aumentou em seis vezes a quantidade de cestas básicas distribuídas para as pessoas em vulnerabilidade social, atendidas pelo CRAS. Ele destaca que se comparado com o que era doado em 2017 com 2021, o incremento foi 20 vezes maior. “Isso não é mérito, isso é assustador, porque demonstra que mais pessoas se incluíram entre aqueles que precisam desse aporte e precisam de alimento. Em virtude disso, não basta atender apenas a necessidade emergencial, temos que olhar para a frente”, disse.
Tônia Mansani, presidente da Agência de Inovação de Desenvolvimento de Ponta Grossa comenta que o conhecimento acadêmico só faz sentido se aplicado na realidade e por isso, a apresentação do relatório é de extrema importância para o atual cenário da vulnerabilidade social na cidade. Ela salienta que a inovação e o empreendedorismo são ferramentas importantes para obtenção de renda e combate à pobreza. “O empreendedorismo é uma porta para a inclusão e atualmente a inclusão acontece nos CRAS, em que os munícipes são orientados a abrir sua MEI. Precisamos trabalhar em políticas públicas de inclusão para amenizar os impactos da pandemia”, avaliou Tônia.
O secretário de Agricultura, Bruno Costa, comenta que a Prefeitura realiza diversas ações para diminuir os impactos da pandemia. Ele lembra que no ano passado, iniciativas da gestão como o Vale-Mercado, disponibilizaram cinco parcelas de R$ 150,00 para público em vulnerabilidade social, para compras no Mercado da Família, sendo uma iniciativa de distribuição de renda, em âmbito municipal, nunca vista na história de Ponta Grossa. “O Programa Feira Verde entregou mais 750 toneladas de alimentos para cerca de 5 mil famílias, que tiveram a segurança alimentar garantida pelo Programa, com frutas e verduras de qualidade. Além disso, a Prefeitura implementou o Vale-Gás com mais de 3 mil recargas entregues no ano passado”, destaca, Costa.
A presidente da Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa (FASPG), Vinya Mara Anderes Dzievieski Oliveira, destacou o trabalho realizado nos CRAS no levantamento destes casos e no encaminhamento adequado para o auxilio-alimentação via Prefeitura, mas ressalta que o estudo apresentado, com certeza, irá contribuir com a cidade no combate a insegurança alimentar. “A pandemia ocasionou diversos impactos na economia e a fatia mais vulnerável da população acabou sendo a mais afetada, de forma que a intervenção do poder público, de um modo geral, amenizou ainda mais este cenário, extremamente difícil. Os dados apresentados pela pesquisa serão avaliados pela Prefeitura, visando o aproveitamento destas informações para melhorar o atendimento ao cidadão vulnerável socialmente, que foi duramente impactado no período da pandemia”, finaliza Vinya.
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