Nesta quarta-feira (2), protetores independentes, voluntários e representantes de ONGs da causa animal se reuniram em Ponta Grossa para reivindicar a retomada do serviço de castração de animais, interrompido há cerca de 90 dias, segundo os manifestantes. A mobilização começou na Câmara Municipal e terminou em frente ao Paço Municipal, sede da Prefeitura, onde houve tensão após relatos de uma suposta tentativa de invasão ao gabinete da prefeita Elizabeth Schmidt (União Brasil).
A advogada Gardenia Mascarelo, uma das líderes do movimento, utilizou a tribuna da Câmara e entrou em contato com o Portal BnT para exercer seu direito de resposta e esclarecer o ocorrido. Ela negou que o grupo tenha agido com violência ou cometido qualquer ato ilegal, afirmando que a entrada na Prefeitura foi pacífica e com o objetivo de buscar diálogo com o Executivo.
ADVOGADA GARDENIA MASCARELO
“Em primeiro lugar, eu quero agradecer a oportunidade de estar me manifestando sobre a matéria veiculada. Nós estávamos hoje reunidas com as protetoras da cidade, ONGs, para lutar por um direito assegurado pela legislação e que não está sendo cumprido.
Nós fomos recebidas na Câmara Municipal pacificamente. Eu pude fazer o uso da tribuna pacificamente, com muito respeito, e da mesma forma nós nos dirigimos até a Prefeitura, igualmente de forma pacífica.
Lá chegando, nós entramos – é um prédio público, né? Não configura invasão porque a Prefeitura pertence aos cidadãos.
Nós fomos até o gabinete da prefeita para que três representantes pudessem manter uma reunião, um diálogo. Foi isso que aconteceu. Lá chegando, foram realmente recebidas as três pessoas que representavam todo o grupo.
Mas o que mais chamou a atenção é que a Guarda Municipal nunca atende às questões de maus-tratos contra os animais. As protetoras estão cansadas de sempre chamar e nunca tem viatura, nunca tem tempo, nunca tem pessoal.
Em menos de cinco minutos, 20 guardas municipais – inclusive o comandante da Guarda – estiveram lá, armados fortemente, como se nós estivéssemos realmente cometendo um crime.
Isso ficou muito feio, ficou muito chato para a Prefeitura. Jamais nós teríamos feito qualquer quebra-quebra na Prefeitura. A nossa intenção era apenas sermos ouvidas, que os animais sejam respeitados numa cidade em que a causa animal está abandonada há mais de quatro anos.
Ao invés de investir, a atual gestão está destruindo o que foi construído na causa animal.
Então, a nossa intenção era essa. Infelizmente, houve essa distorção completa da nossa causa. Ninguém tentou invadir, eu repito, porque a Prefeitura é um órgão que pertence a nós.”
“Nós fomos até o gabinete da prefeita para que três representantes pudessem manter uma reunião, um diálogo. Não houve tentativa de invasão. A Prefeitura é um prédio público, pertence aos cidadãos”, declarou Gardenia.
A mobilização, segundo os organizadores, teve como principal pauta a suspensão dos serviços de castração gratuitos e a falta de clínicas veterinárias credenciadas para atendimentos. “Se as castrações não estivessem suspensas, nós estaríamos em outro local que não aqui, cobrando por algo que não está acontecendo”, disse Gardenia na tribuna.
O grupo se queixa ainda da falta de atenção por parte do poder público ao bem-estar animal. “As protetoras estão cansadas de chamar a Guarda Municipal em casos de maus-tratos e não serem atendidas por falta de viatura ou efetivo. Mas, em menos de cinco minutos, 20 guardas armados estavam na Prefeitura, como se estivéssemos cometendo um crime”, criticou a advogada.
A Prefeitura, por sua vez, nega que as castrações estejam suspensas. Em nota, informou que os procedimentos seguem sendo realizados pelo Centro de Referência para Animais em Risco (CRAR). No entanto, segundo os protetores, os serviços no CRAR não suprem a demanda da cidade e há carência de clínicas contratadas para atender a população.
A manifestação prosseguiu do lado de fora do Paço Municipal de forma pacífica, com cartazes e falas em defesa da causa animal. Representantes do grupo conseguiram ser recebidos por integrantes da Prefeitura, mas não houve anúncio oficial sobre a retomada das castrações em maior escala ou renovação dos contratos com clínicas parceiras.
“A causa animal está sendo ignorada há mais de quatro anos. Ao invés de fortalecer a política pública, a atual gestão está destruindo o que foi construído”, finalizou Gardenia Mascarelo.
O Portal BnT segue acompanhando o caso e buscará novos posicionamentos oficiais da Prefeitura nos próximos dias.
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