“Esperamos que outras pessoas que tenham contato com os integrantes da Comunidade Theotokos possam sentir também esse chamado e, assim, sob a intercessão da Virgem Maria possamos todos nós descobrir o caminho da missão”, desejou o bispo Dom Sergio Arthur Braschi ao final da celebração de ontem (29), na Paróquia São Sebastião/Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida, que marcou os 24 anos de fundação da Comunidade de Aliança Theotokos na Diocese.
A missa em ação de graças contou com a presença do bispo e de mais cinco padres ligados a paróquia/santuário, entre eles, padre Sandro Maciel Ferreira, ex-reitor e diretor espiritual do grupo.
O pároco e reitor do santuário, padre Nelson Bueno da Silva, acolheu a todos. “Ao redor do altar, nos reunimos hoje para agradecermos a Deus pelos 24 anos do dia em que o Espírito Santo soprou esse carisma a Theotokos, a ‘Santa Mãe de Deus’. Deus os abençoe nessa festa, neste dia de Maria, Mãe da Igreja. Não coincidência, mas providência. Que seja um momento bonito, de rendermos graças por esse carisma, que faz tão bem, e que seja uma devoção mariana na nossa Igreja, por onde estiver”, destacou.
Os integrantes da Comunidade entraram, então, com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, todos com o rosário nas mãos, agradecendo “pela intercessão de Maria nesses 24 anos, educando, acompanhando, sendo modelo e mestra. Ensina-nos a sermos obedientes cada vez mais a seu filho, Jesus, nosso Senhor”, pedia a oração lida durante a entronização.
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Dom Sergio falou da alegria de estar celebrando a festa litúrgica de Maria Mãe da Igreja, lembrando que ela foi instituída pelo Papa Francisco há pouco tempo e que ocorre sempre depois de Pentecostes.
“Pentecostes que marca o início da missão universal da Igreja: ‘Ide e fazei discípulos meus todos os povos’. Desde a instituição da festa, eu, que já tinha uma devoção a esse título, Maria Mãe da Igreja, tenho celebrado sempre na Catedral. Fiquei muito feliz ao chegar aqui e ver tanta gente na igreja, essa que é a maior igreja da periferia de Ponta Grossa, depois da Catedral. Gente que veio, não só pelos 24 anos da Comunidade, mas pela celebração dessa festa. Uma providência comemorarmos o aniversário da Theotokos hoje, ela que completou 24 anos no último dia 24”, comentou o bispo. Quando o grupo esteve falando com ele para marcar a celebração, não havia outra data disponível na agenda de maio.
O diretor espiritual da Comunidade Theotokos, padre Sandro Maciel Ferreira, ao contar sobre a caminhada dos últimos 24 anos do grupo, afirmou que falar da história da Comunidade é contar um pouco do sacerdócio dele.
“Fui ordenado em junho de 2000, e como diácono e padre fui trabalhar na formação, no Seminário Mãe de Deus. Dom João (Braz de Aviz) era o bispo. No final do ano, na época das transferências, o bispo estava sendo cobrado pela comunidade de Ventania, que era atendida ora pela paróquia de Tibagi, ora de Telêmaco Borba, ora pela de Piraí do Sul. Dom João me chamou e me mandou a Piraí do Sul, servir como vigário do padre Sílvio Breginski e, de lá, iria atender Ventania. A missão era organizar uma paróquia. Me falou que havia esse grupo lá, que queria levar a coisa a sério e pediu para eu acompanhar. Eles existiam antes mesmo da minha chegada”, detalhou. Isso foi no início de 2001.
Padre Sandro conheceu as pessoas que integravam o grupo, todos jovens e que participavam da Renovação Carismática Católica.
“A RCC tinha muito essa dinâmica de comunidades de vida, comunidade de aliança, mas eu queria que eles tivessem o discernimento (do que seriam). Há 22 anos é que chegaram a esse conhecimento: ‘evangelizar com Maria’, que tem como tripé a oração, a adoração e a formação. Eles têm por obrigação se debruçar sobre os ensinamentos da Igreja. Para eles não pode ter achismo. O mundo está cheio de achismos. Se não sabem, têm a oportunidade de aprender, de conhecer. Eu tenho a obrigação de acompanhar e direcioná-los, e, estou sempre propondo desafios. No final de 2022, promovemos na Paróquia São Pedro e São Paulo (em Telêmaco Borba, sua atual paróquia) um retiro para 120 para jovens e eu não sabia quem iria conduzir. Lembrei deles, os chamei. Se Maria se fez serva, não há do que reclamar. São servos, são escravos, a exemplo de Maria, prontos para o serviço. E tiveram muito êxito”, elogiou.
No momento da renovação dos votos, Dom Sergio fez a bênção dos botons, que passarão a ser usados pelos integrantes da Comunidade, “em sinal de pertença, de compromisso, de responder a uma especial vocação no seio da mãe Igreja. Fazei que, usando esse boton e cumprindo aquele carisma recebido, possam ter aumento das graças batismais da fé, esperança e caridade, saúde do corpo e da alma, e, um dia, o prêmio da vida eterna”, rezou o bispo, chamando os padres concelebrantes para colocar os bótons nos integrantes.
Depois, todos de frente à imagem de Nossa Senhora Aparecida, fizeram a oração de renovação da consagração. Ao final, o bispo e os padres, abençoaram a todos os integrantes. Após a comunhão, Claudinir Antônio da Luz Moreira, um dos fundadores da Comunidade, agradeceu ao bispo pela acolhida e disposição em estar e presidir a celebração. “Conte com as nossas orações por sua vida e sua saúde. Deus o proteja!”, rogou. Padre Sandro Maciel foi chamado de pai por Moreira. “Pai que corrige, elogia, cobra. Agradecemos a dedicação, o carinho e a presença constante. Obrigado por acreditar em nós, nos instruir e ser referência a cada um”, enalteceu, agradecendo também aos padres presentes pelo apoio e aos integrantes da Comunidade.
História
O casal Claudinir Antônio da Luz Moreira e Vera Lúcia Silva foi morar em Ventania por questões de trabalho, e começou a participar semanalmente de um grupo de oração. Na época, ali existia a Capela São Roque, com missa uma vez por mês. A capela era assistida pela Paróquia Nossa Senhora de Fátima, de Telêmaco Borba.
“Conhecemos alguns jovens, a Fabiana (Sedelak Pinheiro) e o Erick (Mainardes) e mais alguns, e, começamos a nos reunir para rezar às quartas feiras. Mas, na falta de missa todo o final de semana, acabávamos nos reunindo para rezar, cantar em outros dias também. Foi crescendo a ânsia de querer mais. Um dia, estávamos em casa e os dois amigos foram rezar diante do Santíssimo, e, contaram que sentiram o desejo de começar algo como as primeiras comunidades, que se reuniam não só para rezar, mas para estudar e poder oferecer algo mais, maior para Igreja. Vieram perguntar a nossa opinião e nos chamar. Rezamos e aceitamos. Foram vindo mais jovens, toda a quarta-feira, e, também, na terceira sexta-feira de cada mês, para fazer vigília. Pedimos a graça de a capela se tornar uma paróquia, com um padre. Isso ia fazer muito bem para a comunidade e para o grupo, que ainda nem nome tinha”, relembrou Vera Lúcia.
No início de 1999, o grupo decidiu levar a ideia para receber a bênção oficial da Igreja e veio conversar com Dom João Braz de Aviz. Estavam em mais de 20 pessoas.
“O bispo se encantou. Nos abençoou e nos disse: ‘vão e deem frutos’. Voltamos e começamos a se reunir mais animados. Ficamos surpresos quando a capela for elevada à paróquia e padre Sandro (Maciel) foi o seu primeiro pároco. O padre nos falou da necessidade de termos uma identidade, da importância da escolha do carisma. À custa de muita oração e muita vigília definimos, com a ajuda e acompanhamento do padre Sandro. Somos uma Comunidade de leigos da qual fazem parte todos os que quiserem buscar uma vida de maior intimidade com Deus, vida de oração e principalmente, de estudos. Estudar sobre a religião católica e se colocar a serviço da Igreja, onde estivermos. Somos 25 pessoas, a maioria hoje, casais, de Ponta Grossa, mas também estamos em Ventania, Telêmaco Borba e Londrina. Nos reunimos na sexta-feira a cada 15 dias e em todo quarto sábado de cada mês participamos de vigílias, das 22h30 às 5 horas”, acrescentou.
‘Theotokos’ significa Santa Mãe de Deus. Vera conta que, no início, todos os integrantes do grupo eram devotos de Maria, devotos de Nossa Senhora: Aparecida, das Graças, do Rosário….e, para não gerar mal estar, visto que Nossa Senhora é a mesma, através de estudos nos documentos da Igreja, descobriram a expressão ligada ao Concílio de Éfeso, quando Maria foi intitulada ‘theotokos’, ou seja, a Santa Mãe de Deus. Daí, nasceu o nome da Comunidade.