Durante a sessão ordinária realizada ontem (04) na Câmara de Vereadores de Ponta Grossa, um alerta sério sobre a situação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade foi feito pelo 2º secretário do Conselho Municipal de Saúde, Luís Pereira dos Santos, em nome da presidente da comissão.
O conselho apresentou uma série de irregularidades observadas durante fiscalizações recentes em diversas unidades de saúde do município.
Luís destacou que o objetivo do Conselho Municipal de Saúde não é denegrir a imagem de ninguém, mas sim prestar contas de suas fiscalizações e garantir a qualidade dos serviços de saúde para a população de Ponta Grossa.
Dentre as irregularidades apontadas, destacam-se:
Falta de identificação de profissionais: Segundo Luís, muitos profissionais de saúde não usam identificação.
Quadros informativos desatualizados: Em algumas unidades, os quadros informativos estão desatualizados, o que prejudica a comunicação com os pacientes.
Protocolos de atendimento inadequados: Os protocolos de atendimento não estão funcionando como deveriam, o que compromete a qualidade do atendimento prestado.
Problemas com o sistema de registro: Nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), o sistema de registro, conhecido como “relógio ponto,” é substituído por um aplicativo chamado “Pega Plantão.” Além disso, algumas unidades utilizam livro ponto que fica com os médicos em suas salas, o que pode comprometer a transparência no registro de horários de trabalho.
Falta de medicamentos: Algumas unidades, como Rômulo Pazzinato, Horácio Miranda, Antônio Russo e Júlia Azevedo, sofrem com a falta de medicamentos essenciais.
Ausência de bebedouros: Tanto pacientes quanto profissionais de saúde enfrentam dificuldades para ter acesso à água que não seja da torneira nas UBS.
“Hoje aqui tem água para todo mundo, eu vi garrafinhas e copinhos, mas na Unidade Básica de Saúde não tem água nem para os médicos e nem para os pacientes, ou seja, os profissionais de saúde estão tomando água da torneira”, disse Luís.
Problemas de estrutura: Salas abandonadas devido à infiltração de água, prontuários jogados no chão e falta de espaço físico adequado para atendimento foram relatados em várias unidades.
Falta de privacidade: Profissionais médicos dividem salas por falta de espaço, o que compromete a privacidade dos atendimentos.
Problemas tecnológicos: O sistema Tasy em travamento em todas as unidades, computadores ultrapassados e tablets sem uso devido à falta de internet adequada.
Falta de protocolo de saúde mental e acidente de trabalho: A ausência de protocolos específicos pode comprometer o atendimento a pacientes e a segurança dos profissionais.
Falta de material de escritório para agentes comunitários de saúde: Os profissionais têm que comprar seus próprios materiais de escritório.
“Os profissionais ACS não estão recebendo material de escritório, ou seja, compram o que for necessário com seus próprios salários, seja caderno, lápis e outros materiais de escritório”, afirmou.
Escassez de profissionais administrativos: A falta de pessoal administrativo pode prejudicar a gestão das unidades.
Além disso, Luís destacou a questão dos uniformes dos trabalhadores de saúde, que são levados para casa pelos profissionais e lavados, o que pode representar riscos de contaminação. “É um baita de um problema, estamos em 2023 e vimos várias placas da prefeitura falando sobre tecnologia e modernização mas não foi isso que encontramos nas UBSs”, apontou o secretário.
O que a prefeitura diz
Após o discurso, o vereador Júlio Kuller relatou que viu algumas inconsistências nos apontamentos do representante do conselho e pediu para que Priscila Degraf ,que responde pela prefeitura de Ponta Grossa através da Fundação Municipal de Saúde, expusesse o que a prefeitura tem feito em relação aos apontamentos.
Em resposta às acusações do conselho, a presidente da Fundação Municipal de Saúde, Priscila Degraf, afirmou que a fundação não tinha conhecimento do relatório e que todas as alegações serão analisadas tecnicamente pela equipe da fundação. “Como Fundação Municipal de Saúde, só posso dizer que nós não temos conhecimento desse relatório, não foi enviado para a fundação até o presente momento e por isso não podemos responder”, disse.
Ela também esclareceu que o uso de jalecos na UBS é individual e que a fundação só é responsável por fornecer esses equipamentos, de acordo com as normas regulamentadoras.
Priscila Degraf encerrou seu discurso expressando descontentamento com o Conselho Municipal de Saúde por não ter apresentado previamente os apontamentos à fundação. “O que me entristece é de usar uma plenária sem antes dar a chance à fundação para poder responder tecnicamente. Existem pessoas técnicas, hoje a fundação conta com sete técnicos de segurança do trabalho e um engenheiro de segurança do trabalho próprio, diferente de todas as outras secretarias”, finalizou.
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