Grupos e entidades de Ponta Grossa direcionaram, nesta sexta-feira (21), uma carta aberta à direção do Colégio Cívico-Militar General Osório e ao Núcleo Regional de Educação (NRE), em repúdio a uma denúncia de caso de assédio feita por uma aluna da instituição.
A carta, com 32 assinaturas, as entidades condenam atos de assédio, importunação ou outra violência de cunho moral ou sexual, cometida contra estudantes da Educação Básica e se comprometem a acompanhar os casos até as suas completa elucidações, se colocando à disposição para contribuir na promoção de campanhas e atividades contra os atos.
Entenda – Na última quarta-feira (19), o Núcleo Regional de Educação recebeu uma denúncia de que um monitor militar da reforma, atualmente “comandante” no colégio, teria praticado assédio contra a estudante durante uma viagem escolar ao zoológico de Curitiba, na última segunda-feira (17).
A jovem informou ter relatado o incidente à direção do colégio, mas afirmou que a diretora inicialmente duvidou de seu relato, questionando se ela não estava inventando a história. A diretora teria dito: “Vocês não estão inventando isso?! Ah, mas agora não tem nem como defender mais, né”.
O NRE informou em nota que as equipes iniciaram imediatamente as apurações necessárias para verificar os fatos. O caso está sendo tratado com a máxima seriedade e sigilo, e uma reunião está ocorrendo no colégio para apurar a situação.
Manifestação – Na manhã de hoje (21), estudantes do Colégio Cívico-Militar General Osório, em Ponta Grossa, realizaram uma manifestação contra o assédio e contra a resposta da direção à aluna quando ela pediu ajuda. Em um dos cartazes, os estudantes reproduziram frases atribuídas à diretora, segundo a denunciante: “Vocês não estão inventando isso, né, disse uma mulher?!”
Leia a carta na íntegra:
“Face à notícia veiculada na mídia no dia de ontem, https://www.instagram.com/p/C8clJ76OL2W/?igsh=cGoxMWptY28yOWQw , vimos a público manifestar nosso repúdio a qualquer ato de assédio, importunação ou outra violência de cunho moral ou sexual, cometida contra estudantes da Educação Básica.
Educadores, Educadoras e demais responsáveis, tem por obrigação, zelar pelo respeito e ética. Não é aceitável a conivência com práticas de assédio no ambiente escolar, espaço esse que deve ser referência de democracia, segurança e integridade para crianças, adolescentes e jovens.
Entendemos como conduta fundamental dos dirigentes e comunidades responsáveis pelas instituições de ensino, enfrentar e prevenir práticas de opressão como machismo, sexismo, misoginia, racismo, lbgtfobia, transfobia, entre outras discriminatórias e não recorrer ao viés da ameaça, da intimidação e do constrangimento ilegal de alunos menores de idade e especialmente, de seus responsáveis. Os mesmos não devem ser dissuadidos e sim, ouvidos pelos meios legais e competentes.
Reiteramos a importância de denunciar situações de assédio, importunação ou qualquer outra violência de cunho moral ou sexual sofridas em qualquer ambiente, por meio dos canais legais, pois somente por meio da denúncia aos órgãos qualificados, se torna possível coibir tais atos a fim de afinar o discurso com a prática.
O assédio deixa consequências graves para as suas vítimas, que, além de sofrerem com o mesmo, ainda são descredibilizadas por quem deveria acolher.
Não são aceitáveis a omissão, muito menos desqualificar os relatos, quando ocorrem.
Finalmente, nos comprometemos a acompanhar os casos até a sua completa elucidação e nos colocamos à disposição para contribuir na promoção de campanhas e atividades formativas para evidenciar que o assédio, seja ele moral ou sexual, nem sempre se dá de forma explícita. As instituições de Ensino devem estar aptas para enfrentar, prevenir e encaminhar atos dessa natureza para os órgãos competentes.
Assinam a presente carta, os seguintes Grupos e Entidades:
Grêmio Estudantil Fênix – Colégio Estadual General Osório
AUMCG Associação União das Mulheres dos Campos Gerais
CMDMPG – Conselho Municipal Dos Direitos Da Mulher De Ponta Grossa
CALM – Centro Acadêmico de Licenciatura em Música – UEPG
CAJOR – Centro acadêmico de Jornalismo João do Rio – UEPG
CASSD – Centro Acadêmico de Serviço Social Divanir Munhoz – UEPG
COMPIR – Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial
DAGLAS – Diretório Acadêmico de Geografia Luiz André Sartori – UEPG
DALHIS – Diretório Acadêmico Livre de História – UEPG
ENESSO – Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social
GAIA MINA – Coletivo Feminista
GEPEC – Grupo de Estudos e Pesquisa em Ensino de Ciências – UEPG
GPECATE – Grupo de Pesquisa Capital, Trabalho, Estado, Educação e Políticas Educacionais – UEPG
ISNEC – Instituto Sorriso Negro dos Campos Gerais
LAGEDIS – Laboratório de estudos de gênero, diversidade, infância e subjetividades UEPG
NEPIA – Núcleo de Estudos, Pesquisa, Extensão e Assessoria sobre a Infância e a Adolescência – UEPG
NEDDIJ – Núcleo de Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e Juventude – UEPG
NEP – Núcleo de Educação para a Paz UEPG
NUPEDH – Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas
NUMAPE – Núcleo Maria da Penha – UEPG
PPGE – Programa de Pós Graduação em Educação – UEPG
UMES – União Municipal de Estudantes Secundaristas
UBM – União Brasileira de Mulheres – UBM
SINTESPO – Sindicato dos Técnicos e Professores da UEPG
SINDUEPG – Sindicatos dos Docentes da UEPG
Grupo de Pesquisa Jornalismo e Gênero – UEPG
Projeto de Extensão Jornalismo, Direitos Humanos e Formação Cidadã – UEPG
Projeto de Extensão O que você estava vestindo? – UEPG
COLETIVO DE DOULAS PG
COLETIVO JUNTOS
COLETIVO ONDA FRUTA-COR
FRENTE FEMINISTA DE PG.”
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