A 4ª Festa do Peão de Boiadeiro de Castro, encerrada na noite de domingo (19), foi marcada pela presença de profissionais de renome, que contribuíram com o êxito do evento. A comentarista oficial da prova de Três Tambores foi ninguém mais ninguém menos que a jornalista Hévylin Munhoz, que veio para Castro pela primeira vez. Durante o rodeio ela ficou com a incumbência de fazer a abertura das transmissões ao vivo, chamar e apresentar em pista as competidoras da modalidade Três Tambores e de comentar as provas e resultados. A repórter também colocou os competidores para falar ao vivo, ao final das provas, com entrevistas exclusivas. “Aqui em Castro tivemos duas provas cronometradas muito especiais, Team Roping e as provas de Três Tambores, na qual as mulheres trazem muito brilho, charme, elegância e glamour para dentro da arena, além de muita agilidade, versatilidade e equilíbrio – elementos que compõe a modalidade, e como repórter esportiva, eu vim com a missão de participar da transmissão ao vivo, levando informações sobre o rodeio não só para o Brasil, mas para todo mundo que acompanha o esporte de montarias, tanto em ouros como em cavalos”, destacou.
Especialista no assunto, Hévylin conta que um motivo que a incentivou a estudar e se profissionalizar como comentarista esportiva nas provas de montaria, sobretudo, Três Tambores, foi o fato de perceber que muitos profissionais da área não transmitem as informações sobre a prova com propriedade e de forma técnica. Hoje a profissional é altamente requisitada no meio. “Há nove anos eu trabalho com rodeios e a há cerca de cinco, me profissionalizei no esporte de Três Tambores. Eu vi que alguns comentaristas não faziam comentários especificamente da provas, e eu, por gostar do esporte e entender sobre a modalidade, quis fazer algo novo, para que as pessoas realmente conseguissem sentir a emoção de cada passada, para que o público conseguisse entender melhor a modalidade e para que as atletas também se sentissem valorizadas no momento da passada. Com isso eu fui ganhando espaço, e para mim é muito importante conseguir agregar valor a esse esporte. Eu sou de Palestina, interior de São Paulo, mas já trabalhei em rodeios de diversas partes do Brasil, em eventos muito conhecidos, como em Americana, Barretos, Minhas Gerais, Rio Verde/Goiás, Colorado, entre outros”, conta a jornalista.
Segundo explicou Hévylin, sua carreira foi inspirada por outras mulheres, que são referência na área e que abriram portas. Para ela, trabalhar com excelência é uma forma de também abrir novas portas, já que o trabalho da mulher em ambientes predominantemente masculinos, como é o do rodeio, é ação constante de vencer preconceitos e de quebrar barreiras. “É muito bom ver as mulheres presentes dentro do rodeio, sempre existiu certo preconceito, mas a partir do momento que fomos entrando e mostrando que somos profissionais e que estamos aqui para agregar valor ao esporte, para cobrir todas as modalidades e para ressaltar a importância de todos os profissionais, todo mundo foi fazendo com que nos sentíssemos abraçadas dentro dos rodeios. Há boa aceitação quando você está dentro de uma profissão e se entrega de corpo e alma, quando você entende sobre o assunto e consegue falar com propriedade, e é isso que os expectadores buscam, alguém que entenda as regras, que conheça os atletas e os apresente, e de maneira geral, possa falar de tudo o que acontece de melhor na disputa”, explicou.
Quem também fez locuções nas provas de montaria da 4ª Festa do Peão de Boiadeiro de Castro foi o consagrado Pedro Emilio Martins Arruda. Ele veio de Carneirinho/Minas Gerais para participar do rodeio, e ressaltou a qualidade do evento. “É uma satisfação estar em Castro mais um ano, me sinto muito feliz e posso dizer que como um apaixonado por Castro, ou até como um cidadão castrense, hoje me sinto mais feliz ainda por ver a grandeza dessa festa e o quanto ela alavancou, evoluiu e cresceu de um ano para outro. A festa de Castro, por estar na sua quarta edição, já é muito grande, de uma forma que as pessoas do município talvez não saibam a proporção”, destacou.
O locutor também falou da presença das provas cutiano no rodeio. A modalidade é genuinamente brasileira e agora também faz parte da programação do rodeio de Castro. “A modalidade cutiano é uma modalidade cem por cento brasileira. Foi onde tudo começou, é a origem de tudo, antes de iniciarem os rodeios em touro no Brasil. É uma prova iniciada tipicamente com tropeiros e peões de fazendas, é algo que muito nos orgulha. E agora Castro também trouxe essa modalidade. Estamos vendo aqui um rodeio de cavalos de excelência, uma tropa de nível nacional, está aqui o que há de melhor no cenário, os melhores competidores do rodeio brasileiro estão presentes, juntamente com a Equipe Rozeta, que hoje é um dos principais campeonatos do cenário do rodeio brasileiro”, descreveu.
O rodeio de Castro também contou com o trabalho admirável da madrinheira Luana Lazarini. Mais uma profissional muito requisitada, que vem rompendo barreiras no universo dos rodeios. Seu trabalho na arena consiste em apoiar os competidores, no final dos oito segundos de prova, ou quando caem de seus cavalos. Depois cabe à madrinheira ainda, parar e desarrear o animal. Tudo tem que ser feito com agilidade e destreza, pelo bem- estar tanto do peão como do cavalo. “A responsabilidade é muito grande, porque você é salva-vidas dos competidores cutianos, tem que tirar ele em segurança, colocar em segurança no chão, e ainda pegar o cavalo e desarrear rápido, porque o animal não pode ficar muito tempo com o seden. Além da segurança do competidor tem que se preocupar também com a saúde do animal. Com a experiência, fica cada dia mais fácil fazer esse trabalho, mas tem que ter sempre muito foco, independente do que esteja acontecendo na pista, para fazer um trabalho de excelência”.
O ofício também exige coragem, virtude que a madrinheira aprendeu na prática. “Comecei no rodeio no ano de 2013, mas minha família não é tradicional de rodeio nem mexe com cavalos. Eu precisava trabalhar, e na minha cidade tinha um rapaz que tem uma companhia de rodeio e que precisava de uma madrinheira, um dia ele me perguntou se eu não iria, eu tinha muito medo de cavalo, mas ele comentou: você dá conta, eu te pago 500 reais. Na época era muito dinheiro, eu falei: eu vou, preciso trabalhar. Comecei, e a partir do primeiro rodeio, mesmo sentindo o medo que eu sentia, eu me apaixonei, e a partir daí comecei a fazer cursos, me dedicar e a montar a cavalo sempre, isso foi abrindo as portas pra mim e hoje, graças a Deus, eu tenho trabalhado em vários rodeios pelo Brasil, tenho me tornado uma madrinheira conhecida, e pra mim isso é muito importante. Eu não deixei de ter medo, mas a gente vence ele todos os dias”, contou.
Luana conta que fazem só cerca de 30 anos que mulheres passaram a executar esse trabalho. Assim como em todas as atividades que as mulheres decidem desbravar, nessa também existe discriminação e resistência. Para ela, a forma de vencer essas adversidades tem sido o profissionalismo. “O rodeio ainda é um universo predominantemente masculino e a gente enfrenta algumas dificuldades pelo caminho. Já enfrentei muitos preconceitos, mas como a gente já sabe como é, eu deixo pra lá, ergo a cabeça e sigo fazendo meu trabalho, até mostrar que o meu trabalho vence o preconceito. Há uns seis ou sete anos era difícil ver mulher nos grandes rodeios do país e antes havia mais dificuldade de aceitação, mas isso vem mudando. Em geral as mulheres são mais dedicadas, querem apresentar um serviço perfeito, e justamente por isso os rodeios do Brasil querem, cada vez mais, uma mulher dentro da pista, os organizadores sabem que vai sair um serviço impecável”, finalizou.