A logística no Brasil enfrenta uma série de desafios que afetam diretamente a eficiência da cadeia de suprimentos, gerando preocupações significativas para o setor. Em sua recente Edição da Série Especial de Economia – Investimentos em Transporte, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) analisou o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2025 (PLOA 2025) e identificou uma redução alarmante nos investimentos federais destinados à infraestrutura de transporte.
O orçamento total para 2025 foi estipulado em R$ 5,87 trilhões, porém, apenas R$ 17,4 bilhões deste montante serão alocados para o setor de transporte, representando uma queda de R$ 1,6 bilhão em relação ao ano anterior. Essa diminuição acarreta sérias implicações para a eficiência logística do país e pode resultar em um aumento significativo nos custos operacionais, refletindo inevitavelmente nos preços finais de mercadorias e serviços.
Os principais gargalos logísticos brasileiros são amplamente associados à fragilidade da infraestrutura rodoviária. Com a dependência excessiva do transporte rodoviário, os custos se elevam e a qualidade do serviço é comprometida. A malha viária nacional, essencial para o deslocamento de cargas, ainda enfrenta problemas como estradas mal conservadas e a escassez de alternativas viáveis como ferrovias e hidrovias.
De acordo com dados da CNT, as rodovias representam a principal modalidade de transporte no Brasil, mas sofrem com deficiências crônicas em manutenção e qualidade. Essa situação leva as transportadoras a enfrentarem desafios diários que podem impactar os preços dos produtos comercializados no país.
A falta de investimentos consistentes em infraestrutura e tecnologia é um obstáculo importante para a superação desses gargalos. Embora algumas melhorias tenham sido implementadas, a modernização das estradas e a adoção de tecnologias inovadoras ainda são insuficientes para atender às demandas do setor. Trechos críticos continuam sem as condições adequadas de pavimentação e sinalização, exigindo investimentos contínuos para se transformarem em corredores logísticos eficientes.
Outro fator que agrava a situação é a alta dos custos associados ao transporte de cargas. A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística alerta que o fim do programa de desoneração da folha de pagamento previsto para 2025 resultará em um aumento significativo dos custos operacionais. O programa permitia uma substituição da contribuição previdenciária por uma alíquota sobre a receita bruta das empresas; sua extinção poderá elevar os custos em até 5% nos próximos anos.
A escassez de motoristas qualificados também figura entre os principais gargalos logísticos enfrentados pelo Brasil. Com um déficit superior a 1,5 milhão de motoristas habilitados nas categorias necessárias, o setor sofre com condições precárias de trabalho e baixa atratividade da profissão. Longas jornadas nas estradas, segurança insuficiente e infraestrutura inadequada desestimulam novos profissionais a ingressarem na área.
Para contornar essa crise, o governo federal estabeleceu um protocolo com a CNT visando capacitar motoristas e facilitar o processo para que possam obter as habilitações necessárias. A iniciativa visa não apenas aumentar o número de motoristas disponíveis, mas também melhorar as condições trabalhistas e sociais dos profissionais já atuantes no setor.
Em suma, os gargalos logísticos no Brasil são representados por uma infraestrutura deficiente, altos custos operacionais e uma grave escassez de mão-de-obra qualificada. Para enfrentar esses desafios, é fundamental que haja uma colaboração efetiva entre o governo e o setor privado para modernizar a infraestrutura logística e aprimorar as condições laborais dos motoristas, garantindo assim uma cadeia de suprimentos mais eficiente e competitiva.
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